Blog do José Cruz

Arquivo : Reforma Ministerial

Notícia boa e notícia ruim…
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José Cruz

A vulgaridade em que se transformou a “reforma ministerial” provocou a seguinte manifestação de um deputado-desportista, no Congresso Nacional:

Notícia boa: o Ministério do Esporte não vai acabar. Notícia ruim, o ministro continua o mesmo”.

Mesmo no humor, é triste constatar que a estrutura do governo está tão desmoralizada e sem credibilidade que as autoridades oficiais transformaram-se em personagens de deboches hilários, até entre colegas, pois George Hilton é deputado federal, antes de ser ministro do Esporte.

Este é o um dos reflexos da desordem institucional, com o governo buscando apoios partidários temporários e rifando cargos valiosos – também com prazo de validade –  para tentar administrar a crise econômica.

Esporte

Neste contexto enquadra-se o Ministério do Esporte, cuja excelência, George Hilton, ocupa a pasta da mesma forma que o PMDB estará na Saúde: troca de favores. Como diz Janio de Freitas em artigo na Folha de S.Paulo, hoje, “…no Brasil, gestos de dignidade não considerados inteligentes”.

Com esses dirigentes, o que esperar o Brasil pós Jogos Rio 2016? O mesmo que ocorre com a “pátria educadora”? Então, estamos perdidos!

Educação

A tal “desordem” se espalha. Em Brasília, o governador Rodrigo Rollemberg anexou a Secretaria de Esporte à de Educação. Antes fosse para o Turismo, pois, como “negócio” que se transformou, o esporte não tem mais nada de educacional. Lamentavelmente!

Enquanto isso…

… é preciso reconhecer que a Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados desenvolve um excelente ciclo de debates, ouvindo em audiências públicas representantes de todos os segmentos, para melhor propor sobre uma política nacional para o setor. A coleção de informações até agora é valiosa para o texto final que está sendo projetado.

Esse debate ganhou força porque, um servidor público, Lindberg Cury Junior, secretário da Comissão de Esporte, levou adiante uma proposta preliminar de idealistas do esporte, na troca de ideias e aprendizados com mestres da Faculdade de Educação Física da UnB.

Em meio à desordem política que se critica, faz muito bem ver a Comissão de Esporte da Câmara liderando um debate valioso para a apresentação de propostas reais, registro que faço com grande satisfação.

Na Memória

… faz 126 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 98 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?

… faz um ano e dois meses do final da Copa 2014, que teve R$ 1 bi de isenção fiscal. E o balanço financeiro do Comitê Organizador?

 


A reforma ministerial e o futuro do esporte
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José Cruz

A opção pelo comando político na pasta do Esporte é indício de que continuaremos na mesmice e no atraso, apesar de sermos um “país olímpico”. E se Dilma Rousseff optar pelo PT instalará na Esplanada dos Ministérios um importante braço da CBF, para a alegria dos cartolas, em geral, e da Bancada da Bola, em particular

Quinze ministros já entregaram seus cargos a presidente Dilma Rousseff, para facilitar a reforma ministerial. Entre eles não aparece Aldo Rebelo, do Esporte. Mas Aldo já havia anunciado que não desejaria permanecer no segundo mandato. Rebelo

Hoje, a jornalista Denise Rothenburg, anuncia em sua coluna, no Correio Braziliense, que o PCdoB quer a permanência de Aldo na pasta. A estratégia aparece um dia depois de PT e PMDB terem manifestado interesse pela vaga.

No tabuleiro do xadrez político é preciso acomodar os partidos da “base” – que apoiam o governo no Congresso Nacional, com alguns “traidores” de ocasião – e políticos que querem cargos, poder e orçamento, como sempre se expôs o PMDB, por exemplo.

Orçamento, não é o principal atrativo do Esporte. Este ano, são apenas R$ 3,3 bilhões, insignificantes diante dos R$ 82 bilhões para a Saúde ou R$ 42 bilhões para a Educação.

Se a estratégia comunista não vingar, Aldo ficará sem mandato em 2015, algo incomum para esse político de tradição, ex-presidente da Câmara dos Deputados, relator de importantes projetos e, principalmente, fiel ao governo, coisa rara nos dias de hoje.

Aldo Rebelo conduziu o barco na tempestade da preparação do país à Copa do Mundo. Mas não foi lembrado quando Dilma declarou em entrevista coletiva que se fez “a Copa das Copas”. Magoado, meses depois ele anunciou que sairia. Agora, Aldo torna-se a “estratégia de salvação” para que o PCdoB se mantenha na Esplanada dos Ministérios, na pasta que só tem alguma importância graças aos megaeventos que o próprio ministro ajudou a construir.

Porém, nos últimos anos, cresceu a intromissão do Estado nas questões do futebol, principalmente por pressão da Bancada da CBF, com o petista Vicente Cândido liderando as ações.

Vice-presidente da Federação Paulista, Cândido é sócio do futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Daí, o interesse em garantir a pasta do Esporte. Mas, se isso ocorrer, a presidente Dilma instalará, indiretamente, a própria CBF em seu governo. E a Bancada da Bola fará a festa por quatro anos.

Pelo andar da carruagem e independentemente de quem vier a ser nomeado não teremos a “reforma” que tanto precisa o nosso esporte.

A opção pelo comando político na pasta – indispensável para a “governabilidade” – é indício de que continuaremos na mesmice e no atraso, apesar de sermos um “país olímpico”.

 

 


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