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Pan 2015: Brasil à frente de Cuba. E daí?
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José Cruz

O Brasil político e esportivo festeja o terceiro lugar no quadro de medalhas do Pan-Americano de Toronto. Enfim, o país de 206 milhões de habitantes ultrapassa a “potência” cubana, de 11 milhões … Só em número de estudantes – 33 milhões – temos o triplo da população cubana…

O Brasil, de 8,5 milhões de km², disputa contra a Ilha de apenas 110 mil km². O estado do Ceará tem 148 mil km² …

Nos Jogos de Toronto, a delegação cubana, de 444 atletas, enfrenta a brasileira, com 590 competidores.  cubaCuba compete sem alguns atletas de ponta devido as deserções, enquanto o Brasil turbina a delegação com atletas “importados”, ajudando a conquistar pódios e camuflar o potencial em modalidades onde ainda somos amadores.

Mesmo assim, o quadro não está definido, pois das 10 finais do boxe Cuba está em todas! Lembrando que no último Pan, eles levaram oito medalhas de ouro neste esporte.

 

Economia do esporte

Para se tornar “potência” continental no alto rendimento, o Brasil se tornou, antes, “potência” econômica-esportiva. O dinheiro sai pelo ladrão, sem exageros. No último ciclo olímpico – entre os Jogo de Pequim e Londres – foram R$ 6 bilhões de verbas públicas reforçando a delegação brasileira. Cuba, em longa crise econômica, não tem Lei de incentivo, verbas de loterias, nem convênios com o Ministério do Esporte, investimentos de estatais, reforço financeiro das Forças Armadas, nada!

Mesmo assim, nas últimas 11 edições dos jogos Pan-Americanos, “Cuba foi vice dez vezes e campeã em Havana, em 1991”, diz reportagem da Folha de S.Paulo, hoje.

“Nossa delegação, que carece de talentos comprados ou nacionalizados em razão de medalhas, enfrentou cada jornada com espírito de luta,” disse à Folha Antonio Becali, presidente do Instituto Nacional de Esportes de Cuba.

O ministro do Esporte, George Hilton, que “entende de gente”, deveria analisar o Pan também sob esses parâmetros de “potências” humana e econômica.

Legado e corrupção

Afinal, o que significará o legado de um terceiro lugar continental para um país onde a Cidade Olímpica do Rio de Janeiro destrói um velódromo de R$ 15 milhões e transforma uma pista de atletismo em estacionamento de luxo? Um país onde o poder público constrói dezenas de pistas, mas fecha tantas outras por falta de verbas para manutenção, ignorando o plano de treinamento dos atletas?

Quem se beneficia dessa estratégia de obras monumentais para megaeventos, e destruições paralelas, numa repetição da política pública de parcerias com empreitaras que sustentam a corrupção?


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