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Arquivo : Dilma

Em dia de Dunga, Dilma entra em campo
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José Cruz

Ao receber os atletas do Bom Senso F.C e anunciar que o governo incluirá alterações no projeto de lei sobre a renegociação da dívida fiscal dos clubes, Dilma enfrenta, sim, a poderosa CBF.

Porque, o tal projeto de lei foi elabora e aprovado, inicialmente, por deputados-representantes de José Maria Marin, a partir do idealizador da peça, Vicente Cândido (PT/SP), que é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. E a CBF agiu, ostensivamente, por seus representantes, na tramitação do projeto. Uma vergonha! Vem briga política por aí, com boa parte da bancada do PT do lado dos cartolas, afrontando o Palácio do Planalto

Claro que não foi nada combinado, mas, à “renovação” da CBF anunciando o retorno de Dunga, o governo respondeu, coincidentemente, com uma proposta mais democrática, o diálogo, para tentar melhorar o nosso cambaleante futebol.

Interferir nos suspeitos negócios do mundo do futebol é uma jogada ousada da presidente Dilma Rousseff, mas está em jogo, também, um calote de R$ 4 bilhões dos clubes aos cofres fiscais.

Ao receber os atletas do Bom Senso F.C e anunciar que o governo incluirá alterações no projeto de lei sobre a renegociação da dívida fiscal dos clubes, Dilma enfrenta, sim, a poderosa CBF. Porque, o tal projeto de lei foi elabora e aprovado, inicialmente, por deputados-representantes de José Maria Marin, a partir do idealizador da peça, Vicente Cândido (PT/SP), que é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. E a CBF agiu, ostensivamente, por seus representantes, na tramitação do projeto. Uma vergonha! Vem briga política por aí, com boa parte do PT do lado dos cartolas.

Memória

Não lembro de ter visto, no Executivo, ação tão ousada, de qualquer governo democrático, na tentativa de interferir na rotina do futebol, como agora. Vamos ver até quanto o Palácio do Planalto poderá avançar, diante da independência das confederações e limites do próprio Estado de interferir nas instituições privadas.

Mas, com a derrota da Seleção nas nossas barbas, logo na “Copa das Copas”, foi uma mulher que entrou em campo para, primeiro, se “estarrecer”  com as barbaridades do mundo da bola. E, em seguida, colocar a estrutura do governo em campo para tentar dar rumos à gestão do futebol. E, em plena campanha eleitoral, esse diálogo é pra lá de oportuno e simpático…

Mudanças?

Porém, a presidente Dilma está mexendo em questões pontuais, como atraso no pagamento dos jogadores, falta de transparência etc. Mas não toca na origem do problema, que é antigo, viciado, suspeito e corrupto. É dessa mudança que precisamos para o esporte em geral, e não para o futebol, exclusivamente. Não temos uma política de esporte de Governo. E o Plano Decenal do Esporte nunca saiu do papel.

A cada derrota surpreendente altera-se a legislação. Mas, governos afins, neste, inclusive, não definiram o que se quer com o a prática esportiva em todas suas manifestações.

Mais: o que compete ao Estado (o principal doador financeiro), aos estados e municípios? Qual a fronteira entre o Ministério do Esporte, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e as confederações?

Nosso atraso é tão grande que o gestor do “desporto escolar” é o COB, responsável pelo alto rendimento. E isso há mais de 10 anos, sem qualquer ação do  Conselho Nacional de Esporte. A propósito, esse “Conselho” é chapa branca, apenas de concordância. Por isso, dispensável.

Mas, a bola da vez é a do futebol, e as “novidades” são Dunga e Dilma no campo de jogo.

Agora vai!


Os suspeitos negócios da bola vão à mesa da Presidente Dilma
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José Cruz

Atletas do Bom Senso F.C voltam a se reunir com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira, na esperança de encontrar soluções para os graves problemas do nosso futebol.

Temos um Ministério do Esporte, uma Secretaria Nacional do Futebol e um Conselho Nacional do Esporte. Mas os problemas do jogo da bola vão parar na mesa presidencial, no Palácio do Planalto, coincidentemente em plena campanha eleitoral.

Não fossem esses extremos, o futebol é uma atividade privada, reconhecidamente corrupta e instrumento de enriquecimento ilícito de poucos, evasão de divisas, sonegação fiscal e por ai vai. Como dizem os próprios jogadores do Bom Senso, “a CBF está rica. Já os clubes…” E o ministro Aldo Rebelo sabe muito bem sobre tudo isso, que está no relatório da CPI da CBF Nike, que ele assinou, há 13 anos…

Enquanto isso, o mesmo governo que quer “moralizar o futebol” turbina esse ciclo vicioso, via Lei de Incentivo ao Esporte.

Dois exemplos

O Araxá Esporte Clube, da segunda divisão do Campeonato Mineiro, já captou R$ 11,5 milhões da Lei de Incentivo ao Esporte para a “formação de atletas”. Dinheiro para escolinhas de futebol. Já o América F.C, também de Minas, captou R$ 8 milhões, com o mesmo destino, “atletas do futuro”, coisa assim.

Qual foi o grande nome revelado pelo América ou pelo Araxá? – para ficarmos só nesses dois, porque há outros clubes com projetos iguais, Santos, São Paulo, Atlético, Grêmio etc? E onde estão esses atletas, esses jovens talentos formados com verba pública, desde 2008? Quem os negociou? Quem ganhou com o “negócio-atleta” financiado por verba pública? Esse assunto estará, também, na mesa presidencial, já que a presidente Dilma falou em limitar a saída de jovens jogadores do país?

Enquanto isso…

A CBF anunciará amanhã mais uma novidade de sua “renovação”: a volta de Dunga, dizem os jornais.

Agora vai!

 


Dilma usa o futebol para fortalecer campanha
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José Cruz

Não precisa nem a Seleção Brasileira perder o jogo contra Holanda para que se fortaleça a determinação da presidente Dilma Rousseff de interferir na gestão do futebol.

Quando a presidente do Brasil anuncia que voltará a receber em seu gabinete jogadores e cartolas para discutir sobre os rumos do esporte, ela interfere naquilo que não é da sua competência. Que o governo acione os órgãos de fiscalização e faça valer a legislação, que é farta para punir o ilegal. Isso sim é de sua competência, mas aí o governo é historicamente omisso.

Com essa agenda, Dilma demonstra que não confia no Ministério do Esporte, mesmo com a pasta contando com uma Secretaria Nacional do Futebol e um Conselho Nacional do Esporte.

E o que justifica esse envolvimento presidencial, disfarçado de reação a uma goleada de 7 x 1?

O futebol tem fortíssimo apelo público e estamos em campanha eleitoral. E, ao assumir a liderança da discussão sobre os problemas do futebol, a presidente diz ao eleitor que o esporte é questão de Estado, e a solução para os seus problemas está no Palácio do Planalto. Perigosíssima medida, pois desmoraliza – mais – as já fragilizadas instituições do esporte.

Em segundo lugar, Dilma prepara terreno para amenizar a decisão antipática, que é a sanção de uma lei que beneficiará os clubes devedores ao fisco, algo em torno de R$ 5 bilhões. Ou seja, o governo vai facilitar a vida de caloteiros históricos com medidas de exceção, enquanto ao contribuinte comum são aplicadas as regras de mercado, sem apelação.

Finalmente:

O governo sinaliza para a criação de uma Agência Nacional do Esporte, o que já foi tentado no governo FHC mas que seria um desastre.

As agências reguladoras foram criadas a partir de 1996 para, com atuação técnica e autonomia, fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Porém, no governo de Lula da Silva, essas instituições tornaram-se redutos políticos e cabides de emprego para os amigos. As agências de Telecomunicações, de Saúde, de Água de Petróleo etc são exemplos de inoperância e fracasso.

Já temos o Ministério do Esporte realizando o que não é de sua competência, liberando milhões de reais para clubes e confederações, ignorando o trabalho das instituições legalmente constituídas, como o Comitê Olímpico Brasileiro. Isso já é um tipo de intervenção do Estado, mas sem resultados efetivos, porque é eleitoreiro, burocrático e, principalmente, corrupto.

Portanto, diante da omissão do Congresso Nacional sobre as questões do Esporte – até porque o debate, ali, é suspeito – , temos a negociação e a decisão centralizadas no governo, que dá uma banana às instituições legal e democraticamente constituídas. Isso é um abuso de poder e ameaça real, que incentiva o fortalecimento da ditadura do esporte, em plena campanha eleitoral.


A festa saiu pela culatra
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José Cruz

A Copa no Brasil era projeto político-esportivo de Lula para ganhar prestígio internacional e apoiar Ricardo Teixeira à presidência da Fifa

Quando entregar a Taça Fifa ao campeão do mundo, no domingo a presidente Dilma encerrará o ciclo de um projeto do PT para o futebol que começou em abril de 2003. Esse projeto previa um “final feliz”, com a conquista do título, numa Copa que já se projetava para o nosso país.

Quatro meses depois de ter assumido a presidência da República, em 2003, o então presidente Lula da Silva determinou que o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, reabrisse o diálogo com Ricardo Teixeira, que presidia a CBF.

Com a podridão revelada pelas CPIs do Futebol e da CBF Nike, em 2001, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia fechado as portas do governo à CBF. Mais tarde, no Rio, Agnelo e o ainda prestigiado João Havelange acertaram o aperto de mãos entre Lula e Ricardo Teixeira.

Ex-torcedor de arquibancada e peladeiro convicto, Lula via no esporte, no futebol e na Seleção Brasileira potenciais recursos para fortalecer as ações de governo. E começou criando o Ministério do Esporte, mas que teve condução política e se revelou corrupto, como em outras pastas. Depois, editou o Estatuto do Torcedor, documento hoje ineficiente.

Em 2005, Lula criou a tão esperada Bolsa Atleta e, em seguida, a Lei de Incentivo ao Esporte, que disponibiliza em torno de R$ 300 milhões anuais no setor. As estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Inferaero, Correios, Eletrobras – aumentaram seus patrocínios para o vôlei, natação, atletismo, etc. Mais recentemente, até uma “Secretaria do Futebol” passou a integrar a estrutura do Ministério do Esporte.

Nesse contexto, a aproximação entre Lula e Ricardo Teixeira evoluiu para uma estratégia maior. Usando a Seleção Brasileira para promover “jogos da paz”, como ocorreu no Haiti, em 2004, e a imagem do nosso futebol no exterior, Lula ganharia prestígio internacional. E Ricardo Teixeira, por sua vez, teria o apoio político indispensável e de peso para se candidatar à presidência da Fifa.

Apoio

A ação palaciana foi desencadeada e teve valiosa sustentação: o projeto “Pintando a Liberdade” distribuía material esportivo a países pobres, nas visitas presidenciais. Bolas, redes, bolsas, agasalhos, etc eram produzidos por presidiários, projeto que evoluiu para o “Pintando a Cidadania”, pois presos não votam. Logo…

Paralelamente, o governo conquistou eventos esportivos: Pan-Americano de 2007, Copa das Confederações, Jogos Mundiais Militares, Jogos Estudantis Mundiais, Copa do Mundo, Olimpíada, Paraolimpíada e Universíade. Foi nesse período que escândalos internacionais também se sucederam, a ponto de varrer João Havelange e Ricardo Teixeira do mapa dos gestores do esporte. E a própria Fifa, de “modelos invejáveis” é citada com frequência no noticiário policial internacional, como ocorre no Brasil.

Já o Brasil esportivo não se preparou à altura para todas as festas. Faltaram políticas reais, e ainda hoje o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro batem cabeça na aplicação de verbas milionárias, numa disputa que demonstra falta de comando central. Para culminar, até a tão prestigiada e valorizada Seleção Brasileira fracassou na sua tentativa de conquistar o título no segundo Mundial realizado no Brasil, escancarando que a CBF de José Maria Marin é a extensão da farsa que foi Ricardo Teixeira.

É nesse circuito histórico, esportivo e partidário que caberá a presidente Dilma entregar a taça ao campeão do mundo, mas sem que o seu partido possa festejar o ciclo vitorioso do esporte, como havia sido projetado por Lula da Silva.