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Arquivo : combate ao doping

Joaquim Cruz volta a passar por exames antidoping
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José Cruz

Dezoito anos depois de ter encerrado carreira no atletismo, sem uma só suspeita de dopagem, o campeão olímpico dos 800m, Joaquim Cruz, passa a ser alvo dos agentes de combate às drogas no esporte 

Apesar de fazer apenas “corridinhas diárias” para manter a forma, Joaquim, há 33 anos morando nos Estados Unidos, onde é técnico de atletismo, passou a ser procurado por agentes norte-americanos para a coleta de material (urina) destinado a exames antidoping, fora de competições. E precisa avisar à organização olímpica daquele país sobre suas movimentações em território americano e viagens ao exterior.

O brasileiro passou a ser visado desde a última Olimpíada, Londres-2012, quando atuou como guia de atletas paralímpicos. No Parapan de Toronto, este ano, Joaquim, guiou a norte-americana Ivone Mosquera, cega, nos 1.500 metros (foto). Juca cruz

Os guias também estão sujeitos aos exames.  Joaquim treina dois atletas olímpicos e oito paratletas, no Centro Olímpico de Chula Vista, próximo de San Diego, onde mora. “Eles têm boas chances de estarem nos Jogos Rio 2016”, disse Joaquim, ao Blog.

Entrevista

Em Brasília, onde cumpriu agenda no Instituto que leva o seu nome e que desenvolve projetos sócio-esportivos, Joaquim concedeu esta entrevista:

Blog – Em que condições se realizou o recente teste antidoping?

Joaquim Cruz – Após decidir participar do Parapam, nos Jogos de Londres, fui solicitado de me inscrever e submeter os meus dados pessoais para a organização de antidoping dos Estados Unidos (USADA). Enviei também horário, locais de treinamentos, trabalho e endereço pessoal. No dia do teste-surpresa, o agente representante da USADA me encontrou pela manhã no Centro de Treinamento Olímpico de Chula Vista (cidade próxima de San Diego). Levamos menos de 10 minutos para completar todo procedimento de coleta do material (urina) para o teste.

De quem foi a iniciativa do pedido de exame?

A iniciativa foi da Agência Antidoping Norte-Americana, facilitada pelo Comitê Olímpico/Paralimpico Americano. Nos dez anos que trabalho no centro, todos os meus atletas têm sido selecionados e submetidos para fazer testes surpresas.

Em 2003, tivemos o escândalo do Laboratório Balco (EUA), que distribuía drogas proibidas no esporte, para atletas de alto rendimento. Agora, temos o caso envolvendo o atletismo russo. O combate à droga no esporte continua correndo atrás da prática do doping?

Sim. Por enquanto, não criamos e pusemos em prática um sistema mais serio e rígido contra os infratores. Sempre iremos engatinhar bem atrás dos dopados. Temos de parar de “negociar” com os indivíduos que tentar burlar o sistema, como tem acontecido ultimamente. O sentimento é que não existe tolerância ZERO para quem decide se dopar, pois o poder de influência política e econômica pode estar acima de tudo, mesmo da imagem e ideais do esporte.

Ensinando jovens atletas Juca 1

No encontro que teve com os atletas do Projeto Rumo ao Pódio Olímpico (PRPO),  do Instituto que leva o seu nome, Joaquim Cruz falou(foto ao lado) sobre a busca de resultados no atletismo.

“Antes, no meu tempo, eu tinha que vencer para ter patrocínio. Agora é diferente, mas os atletas precisam se dedicar e dar mais resultados”.

Atitude

“A atitude de um atleta tem de ser a de quem quer vencer na vida. Quando você entra na pista, tudo que aconteceu na sua vida fica do lado de fora. E Quando o “Dia D” chegar, o que você fez todos os dias, anteriormente, prevalecerá. O atleta campeão é o atleta que nunca deixa de ser atleta”.

Colaborou: Amandda Souza

Foto superior: Washington Alves/MPIX/CPB

Foto inferior: Luiz Carlos Santana/IJC

Para saber mais:Matador de Dragões –  a história e filosofia de vida do campeão olímpico Joaquim Cruz!Juca Livro


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