Blog do José Cruz

Arquivo : CBF

Governo vai “desenvolver” o futebol feminino
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José Cruz

A promessa do ministro do Esporte, George Hilton, de “priorizar e desenvolver” o futebol feminino mostra que não se pode esperar muito da pasta neste novo-continuado governo de Dilma Rousseff

Não é missão do governo “desenvolver” qualquer esporte ou se misturar com campeonatos de futebol, como se desejasse estatizar essa prática esportiva, quem sabe por ser popular e isso render votos…  Esse anúncio é espécie de intromissão nas competências da CBF.

feminino

 Ministro Hilton com a cúpula da CBF e Fifa, fazendo promessas

Novos rumos

Com certeza o futebol feminino merece novos rumos, principalmente para se aproveitar o potencial técnico desperdiçado pela ausência de clubes, organização, competições, etc. Mas faltam visão e gestão empresariais, projetos conjugados com a CBF, como promover campeonatos regionais e nacionais  com partidas preliminares da competição masculina, por exemplo.

Está claro que a CBF não está nem aí para isso, a não ser para promover a Seleção Brasileira feminina e garantir presença do país em eventos internacionais.

O ex-ministro Aldo Rebelo cometeu a mesma intromissão. Com R$ 10 milhões da Caixa financiou um campeonato nacional feminino com meia dúzia de clubes de três ou quatro estados.  O que isso significou para o fortalecimento do esporte? Onde estão as jogadoras daquele evento? Quem foi a revelação? Qual o “legado” da ação do governo?

A CBF que assuma o que lhe compete – e agora, tem verba da Fifa para tanto. E que dê as mulheres o oportunidade de praticarem o esporte como “direito”, garantido a todos pela Constituição, promovendo o mercado de trabalho e valorizando novas seleções. Talentos temos de sobra.

 

A foto que ilustra este artigo é da assessoria de imprensa do  Ministério do Esporte


Corrupção, políticos & futebol
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José Cruz

Enquanto o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot (foto), reconhecia, ontem,  que “assaltaram a Petrobras”, Presidência do Senadoum grupo de deputados, liderados por Vicente Cândido, discutia com representantes do governo e do Bom Senso Futebol Clube sobre um projeto de lei que fixará, entre outras mazela, como livrar a CBF de fiscalização maior sobre as verbas que recebe. O projeto, conhecido como “lei de responsabilidade fiscal”, determinará sobre o pagamento da dívida dos clubes ao INSS e Imposto de Renda.

E quem é Vicente Cândido, que também prepara um substitutivo ao projeto original, do tucano Otávio Leite?

Cândido é um político do PT, partido da presidente Dilma Rousseff que está até aqui na lama da corrupção.

Mais:

Cândido é um dos vice-presidentes da Federação Paulista de Futebol,  amigo do presidente José Maria Marin, e do futuro chefão do futebol, Marco Polo Del Nero, que assumirá em março.

Com esse perfil, que isenção tem esse deputado para discutir sobre normas à CBF, já que está intimamente vinculado à sua direção?

E porque fiscalizar a CBF? Como já cansamos de dizer aqui, porque ela é a gestora do principal patrimônio esportivo do país, a Seleção Brasileira, que explora símbolos, hino e bandeira nacionais, aí faturando muito, mas com destino suspeito e duvidoso da grana que arrecada.

Ah, sim, ontem foi o Dia Mundial de Combate à Corrupção.

Enquanto isso…

Começa hoje, em Brasília, o Torneio Internacional de Futebol Feminino. Brasil x Argentina farão o segundo jogo da rodada, que terá China x Estados Unidos na abertura, às 19h20.

E o que faz a CBF pelo futebol feminino, modalidade que tem demonstrado fartura de talentos, a maioria indo jogar em outros países? Está provado que falta à modalidade caráter profissional efetivo, que motive um mercado que esconde ótimas jogadoras por falta de oportunidades. Mas se o futebol masculino está pelas tabelas …

A única competição nacional que se realiza é limitada e inexpressiva, iniciativa do Ministério do Esporte, como se ali fosse a Casa do Futebol. E o patrocínio da Caixa, “salvadora” da modalidade, como se a CBF fosse uma pobre instituição.

Está tudo explicado…


A reforma ministerial e o futuro do esporte
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José Cruz

A opção pelo comando político na pasta do Esporte é indício de que continuaremos na mesmice e no atraso, apesar de sermos um “país olímpico”. E se Dilma Rousseff optar pelo PT instalará na Esplanada dos Ministérios um importante braço da CBF, para a alegria dos cartolas, em geral, e da Bancada da Bola, em particular

Quinze ministros já entregaram seus cargos a presidente Dilma Rousseff, para facilitar a reforma ministerial. Entre eles não aparece Aldo Rebelo, do Esporte. Mas Aldo já havia anunciado que não desejaria permanecer no segundo mandato. Rebelo

Hoje, a jornalista Denise Rothenburg, anuncia em sua coluna, no Correio Braziliense, que o PCdoB quer a permanência de Aldo na pasta. A estratégia aparece um dia depois de PT e PMDB terem manifestado interesse pela vaga.

No tabuleiro do xadrez político é preciso acomodar os partidos da “base” – que apoiam o governo no Congresso Nacional, com alguns “traidores” de ocasião – e políticos que querem cargos, poder e orçamento, como sempre se expôs o PMDB, por exemplo.

Orçamento, não é o principal atrativo do Esporte. Este ano, são apenas R$ 3,3 bilhões, insignificantes diante dos R$ 82 bilhões para a Saúde ou R$ 42 bilhões para a Educação.

Se a estratégia comunista não vingar, Aldo ficará sem mandato em 2015, algo incomum para esse político de tradição, ex-presidente da Câmara dos Deputados, relator de importantes projetos e, principalmente, fiel ao governo, coisa rara nos dias de hoje.

Aldo Rebelo conduziu o barco na tempestade da preparação do país à Copa do Mundo. Mas não foi lembrado quando Dilma declarou em entrevista coletiva que se fez “a Copa das Copas”. Magoado, meses depois ele anunciou que sairia. Agora, Aldo torna-se a “estratégia de salvação” para que o PCdoB se mantenha na Esplanada dos Ministérios, na pasta que só tem alguma importância graças aos megaeventos que o próprio ministro ajudou a construir.

Porém, nos últimos anos, cresceu a intromissão do Estado nas questões do futebol, principalmente por pressão da Bancada da CBF, com o petista Vicente Cândido liderando as ações.

Vice-presidente da Federação Paulista, Cândido é sócio do futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Daí, o interesse em garantir a pasta do Esporte. Mas, se isso ocorrer, a presidente Dilma instalará, indiretamente, a própria CBF em seu governo. E a Bancada da Bola fará a festa por quatro anos.

Pelo andar da carruagem e independentemente de quem vier a ser nomeado não teremos a “reforma” que tanto precisa o nosso esporte.

A opção pelo comando político na pasta – indispensável para a “governabilidade” – é indício de que continuaremos na mesmice e no atraso, apesar de sermos um “país olímpico”.

 

 


Romário diz que verba da Fifa não é exclusiva para a CBF,e cita Lei da Copa
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José Cruz

O deputado Romário (PSB/RJ) quer detalhes sobre o plano de aplicação dos US$ 100 milhões que a Fifa destinará para a construção de CT´s (Centros de Treinamentos) no Brasil, conforme a CBF anunciou na semana passada.

Na avaliação do parlamentar o uso desse recurso precisa obedecer o capítulo sétimo da Lei Geral da Copa, que trata “Das campanhas sociais nas competições”. romario

“O inciso segundo do artigo 29 diz que o governo poderá adotar providências para acordos com a Fifa que visem aplicação voluntária de recursos oriundos da Copa”, indicou o deputado, na reunião da Comissão de Esporte.

Além da construção de centros de treinamento a Lei da Copa prevê aplicações de recursos no “incentivo para a prática esportiva das pessoas com deficiência e apoio às pesquisas científicas de tratamento das doenças raras”.

“Estou pedindo esses esclarecimentos porque essas destinações entraram na Lei Geral da Copa por minha iniciativa, foram emendas que apresentei. Portanto, a área das pessoas com deficiência também deve ser contemplada, é um legado justo que precisamos preservar”, afirmou o parlamentar, eleito para o Senado Federal na eleição de outubro,  com 4,6 milhões de votos.

O presidente da Comissão de Esporte da Câmara, deputado Damião Feliciano, e Romário se reunirão com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, na próxima semana. Eles vão pedir que, em nome do governo federal, solicite à Fifa e à CBF informações sobre a aplicação da verba que virá para o Brasil e que seja respeitado o previsto na Lei Geral da Copa.

Para saber mais:

http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2014/11/06/fifa-desmente-cbf-e-diz-que-verba-do-legado-da-copa-nao-esta-definida.htm

 

 

 


Bom Senso e CBF perto de um acordo
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José Cruz

Na semana passada, uma equipe do Bom Senso FC se reuniu com dirigentes da CBF, por quase sete horas. O acordo entre jogadores e cartolas em torno do projeto de lei da responsabilidade fiscal dos gestores está perto de sair. As propostas para alterar o projeto de lei terão que ser apresentadas em plenário, na hora da votação. bonsensio O assunto poderá entrar na pauta do esforço concentrado, antes da votação do segundo turno, em 26 de outubro. Encerrado o recesso branco, o Congresso Nacional reabre hoje, com reunião dos líderes para definir a o que votar até 23 próximo.

Dúvida

Na eleição de domingo, a Câmara dos Deputados foi renovada em 40% (em torno de 205 parlamentares). Muitos dos que não se reelegeram nem aparecerão em Brasília, o que dificultará a formação de quórum para votações importantes. Mas…

Fundo

Na reunião do Bom Senso com a CBF não foi definido o que fazer com o Capítulo IV da proposta do relator, deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), reeleito para mais um mandato. Esse capítulo cria o Fundo Nacional de Iniciação Esportiva. No bom português, é uma disfarce para desviar dinheiro.

O tal fundo prevê aplicar verbas públicas em projetos escolares de incentivo à prática esportiva, o futebol em especial. Para isso, seria criada mais uma loteria. Poderemos ter aí mais uma milionária fonte de recursos públicos para o esporte, mas sem se saber como está sendo usada a farta grana que já existe.

Enquanto isso ….

…não se debate sobre a prática de educação física nas escolas. Aliás, o Ministério da Educação nem quer ouvir falar nesse assunto. É por isso que surgem programas suspeitos e de execução duvidosa, como o Segundo Tempo, motivo de críticas do Tribunal de Contas da União e cuja eficiência ainda é desconhecida.


CBF: reforma real sairá só em abril
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José Cruz

As demissões e nomeações anunciadas pelo presidente da CBF, José Maria Marin, podem parecer novos tempos na gestão da entidade, já consagrada como fracassada. Mas é bobagem, porque a CBF está em transição.

Novos tempos, de fato, só em abril, quando Marco Polo Del Nero assumirá a presidência, indicando a sua equipe, quem sabe com nomes de maior expressão e, aí sim, com cara de “renovação”.

Faltam oito meses para isso. Nesse tempo, a Seleção fará amistosos, com a Argentina, inclusive. Serão jogos que, pelo momento de baixa e humilhação do nosso futebol, poderão contribuir para “queimar” o novo técnico e o próprio coordenador agora nomeado, Gilmar Rinaldi, o que justificaria a necessidade de uma drástica mudança.

Estrutura

Mas a maior mudança depois do vexame da Copa não foi discutida até agora, que é na estrutura da CBF, seu limitado colégio eleitoral e, a partir daí, no futebol como um todo.

O fracasso do atual modelo, que culminou com eliminação do Brasil no Mundial, começa na fragilidade dos clubes, na falta de confiança nos dirigentes e ausência de transparência nos negócios, turbinados por muita grana pública. Sobre essas mudanças, apenas o Bom Senso F.C. tem se manifestado.

Falta à atual gestão da CBF competência, idoneidade e estrutura moral para concentrar esse debate. Por isso, ele é articulado em três frentes: o Bom Senso, que reúne a parte principal, que são os atletas, os cartolas, aliados ao Ministério do Esporte, e o Palácio do Planalto, que concentra o debate na sala presidencial.

Reuniões e projeto

Na semana passada, cartolas articularam audiência com Dilma Rousseff, a ser marcada. Na segunda feira, a presidente receberá os atletas do Bom Senso F.C, liderados por Paulo André. Nesse diálogo, um documento importante estará em debate, o projeto de lei sobre a dívida fiscal dos clubes – “um projeto frágil”, como definiu o Bom Senso FC.

Temos ações isoladas e até de oportunismo político, porque o momento eleitoral é propício para isso. A grande decepção com a Seleção Brasileira não foi suficiente para que o futebol fosse tratado de forma integrada, num debate maior e profundo que tanto precisa.

De concreto: continuamos no caos a partir da gestão de clubes e demais entidades. Para tentar sair dessa situação, só a presidente Dilma vetando o projeto de lei do Proforte e provocando, ai sim, a indispensável discussão para a prioritária reforma estrutural do futebol.


Deputado Romário reapresentará propostas para enquadrar CBF
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José Cruz

Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira, o deputado Romário (PSB/RJ) acusou a “Bancada da CBF” de atrasar a aprovação de propostas para fiscalizar a Confederação Brasileira de Futebol.

“Esse time, que não sabe nem fazer embaixadinha, está dando de goleada nos milhões de brasileiros que amam o futebol e  querem ver esse esporte administrado com seriedade e lisura em nosso país”, disse Romário. Em seguida, ele deu o nome de cada integrante desse “time” que defendem os interesses da CBF na Câmara: “São os deputados Rodrigo Maia, Guilherme Campos, Arnaldo Faria de Sá, José Rocha, Vicente Cândido, Jovair Arantes e Valdivino de Oliveira.”

Mudanças

Para Romário, depois do vexame da Seleção Brasileira, este é o momento para mudanças na estrutura do futebol. E pediu a reposição de artigos retirados da proposta original do projeto de lei do deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), que trata da responsabilidade fiscal dos clubes, conhecido originalmente por “Proforte”.

Os artigos retirados estabelecem que o futebol brasileiro é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Dessa forma, fica declarada como de Especial Interesse Público a comercialização de quaisquer produtos ou serviços proveniente da atividade de Representação do Futebol Brasileiro.

Em decorrência, duas medidas serão tomadas:

“Uma é que, ao receber da Presidência da República a chancela de “Representante Oficial do Futebol Brasileiro”, a CBF ficará obrigada a divulgar todas as informações sobre as receitas obtidas com a comercialização desse patrimônio do nosso país. Desta forma, as contas da instituição estariam sujeitas a auditorias do Tribunal de Contas da União, quando requeridas pelo Poder Executivo ou pelo Legislativo”, disse Romário.

A segunda proposta: a CBF terá que contribuir com 10% sobre as receitas auferidas com a exploração do nosso futebol, destinado a um fundo de iniciação esportiva para crianças e adolescentes.

O deputado carioca, candidato ao Senado na eleição de outubro, disse que reapresentará essas propostas quando o projeto de lei do Proforte for discutido no plenário da Câmara dos Deputados, possivelmente em agosto.

A íntegra do discurso do deputado Romário está neste link:

http://www.romario.org/news/all/discurso-mudancas-futebol-brasileiro/

 


Governo ilude torcedor com medidas de mentirinha
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José Cruz

O blog da presidente Dilma Rousseff reproduz, na íntegra, artigo de José Dirceu, dando aval ao texto que diz, também:

Acreditamos que é isso, devemos aprender com a derrota e iniciar uma ampla reforma em nosso futebol, começando pela CBF – Confederação Brasileira de Futebol, mas mirando a própria FIFA, tão questionada e envolvida em polêmicas nos últimos tempos, tão necessitada, também ela, de passar por mudanças. De fundo.”

Façam isso, senhores, tentem intervir na gestão do futebol, e o Brasil será excluído de todas as competições da Fifa. Sem apelação!

Depois da desordem promovida por seus jogadores, aqui, na Copa, o governo da Nigéria criou uma comissão para dar rumo ao futebol. E a Fifa deu prazo para que essa comissão seja dissolvida até terça-feira, sob pena de banir a Nigéria dos seus eventos.

Não fosse a medida antipática de “intervir” numa instituição privada, a Constituição e a Lei Pelé, que regula o esporte, não permitem essa ação de governo. Por isso, surpreende que a presidente Dilma acolha essa discussão em sua página oficial.

Que o governo aplique a legislação nos órgãos de esporte e fiscalize a contabilidade e negócios dos clubes, com base em legislação específica; que suspenda o repasse de verbas públicas, benefícios, privilégios, enfim. Duvido que essa turma não se enquadre. Mas enquanto tiver parceiros dentro do Congresso e defensores no governo, a festa vai continuar, assim como discursos de mentirinha. O que estamos vendo é a extensão do “choro” com um pouco de indignação e o indispensável disfarce político.

Bom Senso

O Painel da Folha de S.Paulo diz que “Dilma Rousseff pedirá ao ministro Aldo Rebelo (Esporte) que se reúna com cartolas e representantes de atletas para negociar um pacote de consenso. Ontem ela sinalizou que voltará a receber o grupo Bom Senso FC.”

Está aí mais uma ação emergencial, com o governo atuando onde é competência da CBF. Isso é intervenção disfarçada. E perigosa!

O que precisamos, antes, é de uma discussão sobre o que queremos com o esporte de alto rendimento e qual a responsabilidade efetiva dos gestores. Qual a prioridade para aplicar os milhões disponíveis no orçamento, na Lei de Incentivo, no patrocínio das estatais, nas verbas das loterias? Para que valeram as três Conferências do Esporte, com discussão nacional e orientações valiosas, se nunca foram implantadas?

Conselho chapa branca

Para que serve o Conselho Nacional do Esporte, no qual a CBF também tem voz e voto?

Quantas vezes esse Conselho discutiu sobre uma política efetiva de esporte, cuja indústria já se revelou valioso instrumento para nossa economia? O Conselho já discutiu sobre o calote dos clubes, confederações e federações ao fisco?

Ao contrário, o Conselho Nacional do Esporte é um órgão chapa branca e decorador da estrutura do Ministério do Esporte.

Que o Conselho Nacional do Esporte seja fiscal de fato, e não um suspeito parceiro da ilegalidade.

Transparência e benefício

A gravíssima situação financeira do futebol não se resume na goleada de 7 x 1. Estamos assim, porque falta de transparência na gestão dos clubes, que pedem esmolas ao governo enquanto fazem transações milionárias de jogadores em paraísos fiscais.

E o que dizer da eterna dependência de apoio financeiro de uma única emissora de TV, que monopoliza a imagem e não permite a natural e saudável disputa de mercado? E quem discute sobre isso?

Qual a ação efetiva do governo quando retornamos de uma olimpíada com medalhas contadas? Há mobilização do Congresso Nacional, principalmente, para rever o sistema esportivo, que privilegia a elite, que beneficia o atleta rico e que exclui a periferia e o desporto escolar?

A discussão é mais embaixo. Mas não creio que será desta vez que teremos uma reforma como se precisa. Teremos, isso sim, mais um remendo, como de praxe. E na próxima Copa no Brasil, daqui a 50 anos…. voltaremos às lamúrias e ao milenar debate.


A festa saiu pela culatra
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José Cruz

A Copa no Brasil era projeto político-esportivo de Lula para ganhar prestígio internacional e apoiar Ricardo Teixeira à presidência da Fifa

Quando entregar a Taça Fifa ao campeão do mundo, no domingo a presidente Dilma encerrará o ciclo de um projeto do PT para o futebol que começou em abril de 2003. Esse projeto previa um “final feliz”, com a conquista do título, numa Copa que já se projetava para o nosso país.

Quatro meses depois de ter assumido a presidência da República, em 2003, o então presidente Lula da Silva determinou que o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, reabrisse o diálogo com Ricardo Teixeira, que presidia a CBF.

Com a podridão revelada pelas CPIs do Futebol e da CBF Nike, em 2001, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia fechado as portas do governo à CBF. Mais tarde, no Rio, Agnelo e o ainda prestigiado João Havelange acertaram o aperto de mãos entre Lula e Ricardo Teixeira.

Ex-torcedor de arquibancada e peladeiro convicto, Lula via no esporte, no futebol e na Seleção Brasileira potenciais recursos para fortalecer as ações de governo. E começou criando o Ministério do Esporte, mas que teve condução política e se revelou corrupto, como em outras pastas. Depois, editou o Estatuto do Torcedor, documento hoje ineficiente.

Em 2005, Lula criou a tão esperada Bolsa Atleta e, em seguida, a Lei de Incentivo ao Esporte, que disponibiliza em torno de R$ 300 milhões anuais no setor. As estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Inferaero, Correios, Eletrobras – aumentaram seus patrocínios para o vôlei, natação, atletismo, etc. Mais recentemente, até uma “Secretaria do Futebol” passou a integrar a estrutura do Ministério do Esporte.

Nesse contexto, a aproximação entre Lula e Ricardo Teixeira evoluiu para uma estratégia maior. Usando a Seleção Brasileira para promover “jogos da paz”, como ocorreu no Haiti, em 2004, e a imagem do nosso futebol no exterior, Lula ganharia prestígio internacional. E Ricardo Teixeira, por sua vez, teria o apoio político indispensável e de peso para se candidatar à presidência da Fifa.

Apoio

A ação palaciana foi desencadeada e teve valiosa sustentação: o projeto “Pintando a Liberdade” distribuía material esportivo a países pobres, nas visitas presidenciais. Bolas, redes, bolsas, agasalhos, etc eram produzidos por presidiários, projeto que evoluiu para o “Pintando a Cidadania”, pois presos não votam. Logo…

Paralelamente, o governo conquistou eventos esportivos: Pan-Americano de 2007, Copa das Confederações, Jogos Mundiais Militares, Jogos Estudantis Mundiais, Copa do Mundo, Olimpíada, Paraolimpíada e Universíade. Foi nesse período que escândalos internacionais também se sucederam, a ponto de varrer João Havelange e Ricardo Teixeira do mapa dos gestores do esporte. E a própria Fifa, de “modelos invejáveis” é citada com frequência no noticiário policial internacional, como ocorre no Brasil.

Já o Brasil esportivo não se preparou à altura para todas as festas. Faltaram políticas reais, e ainda hoje o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro batem cabeça na aplicação de verbas milionárias, numa disputa que demonstra falta de comando central. Para culminar, até a tão prestigiada e valorizada Seleção Brasileira fracassou na sua tentativa de conquistar o título no segundo Mundial realizado no Brasil, escancarando que a CBF de José Maria Marin é a extensão da farsa que foi Ricardo Teixeira.

É nesse circuito histórico, esportivo e partidário que caberá a presidente Dilma entregar a taça ao campeão do mundo, mas sem que o seu partido possa festejar o ciclo vitorioso do esporte, como havia sido projetado por Lula da Silva.


Roubo e vergonha: a Copa dos herdeiros de RT e Havelange
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José Cruz

joana

 

Não poderiam vir de melhor fonte as manifestações que provam a grande farsa – ou furada –  em que se meteu o governo com a realização da Copa do Mundo.

Ronaldo, o tal “fenômeno”, e Joana Havelange, filha de Ricardo Teixeira, disseram, claramente, sobre a realidade que há anos aqui se comenta: Copa da falcatrua e do superfaturamento. Copa da falta de comando governamental, como mostraram, sem essas palavras, claro, relatórios do Tribunal de Contas da União. Copa da ilusão.

Vergonha

Ronaldo se “envergonha da burocracia e atrasos” nas obras. Por cinco anos, ele viajou pelo Brasil “fiscalizando” obras, mas só agora, a duas semanas de a bola rolar, constata a realidade. Estranho, né?

Além de oportunismo político-eleitoreiro, a crítica contrasta com a euforia que ele demonstrava, quando contestava os opositores desse suspeito megaevento bilionário do qual, ele, como empresário do esporte, é um dos beneficiados.

Roubo

Agora foi a vez de Joana Havelange, que endossou manifestação de jornalista pernambucano: “O que tinha que ser gasto, roubado já foi”.

Joana, diretora do Comitê Organizador da Copa, é neta de João, o ex-poderoso “Senhor Fifa”. Foi de lá que ele se demitiu para não enfrentar processo que o acusava de corrupção. E filha de Ricardo Teixeira, RT, que deixou a presidência da CBF sob suspeitas de grande corrupção.

Ironicamente, pai e avô estão no ostracismo do esporte, justamente quando a Copa é no Brasil.

Porém, a filha e neta herdou o perfil esportivo da família, e sobrou para  ela, Joana, revelar que o futebol é, de fato, uma grande falcatrua, uma manobra de espertos, na qual o governo também está profundamente envolvido.