Blog do José Cruz

A desmoralização mundial da cartolagem no “jogo sujo” do futebol

José Cruz

A operação liderada pela FBI, a pedido de autoridades da Suíça, que prendeu 14 executivos da Fifa por corrupção, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é capítulo até aqui mais emocionante nos negócios corruptos do futebol. Os réus são acusados de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um ''esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol''.

A novidade é a prisão dos cartolas. De resto, já se sabia sobre essa prática, através de três documentos de referências. Jogo sujo

Pioneiro nas denúncias, o jornalista irlandês Andrew Jennings denuncia, desde a década passada, sobre a corrupção no esporte. Em 2011, ele publicou o primeiro livro específico sobre os negócios do futebol internacional, “Jogo Sujo”. E, por ocasião da Copa no Brasil, o segundo da série, “Um Jogo cada vez mais sujo – o padrão Fifa de fazer negócios e manter tudo em silêncio”.

Logo na primeira página, Jennings escreveu:

''Agora que este livro etá concluído, vamos aguardar para ver se o FBI vai indiciar os principais membros da família Fifa-Blatter. As investigações do esquadrão do FBI contra o crime organizado, com sede em nova York, começaram em 2010.''

Gafi

Fora do jornalismo investigativo, um documento oficial do “GAFI”, Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF, na sigla em inglês) divulgou em 2009 um relatório mostrando sobre o crime organizado no futebol, que usa clubes pequenos e inexpressivos, por exemplo, para a lavagem de dinheiro.

Essas operações ocorrem também na América do Sul, com o dinheiro do tráfico de drogas, ou na Itália, através de organizações criminosas. O relatório avançou para confirmar operações de crimes conexos, como o tráfico de seres humanos, corrupção, tráfico de drogas (doping) e crimes contra a ordem tributária.

Olímpicos

Além do futebol, o crime avança pelo mundo olímpico. No livro “Os Senhores dos Anéis”, lançado em 1992, Andrew Jennings revela sobre “o poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas modernas”.

“Há anos comecei a me interessar por essa história de idealismo no esporte combinado a um monte de dinheiro”, disse Jennings em uma de suas visitas ao Brasil.

“No fim dos anos 1980, com mais investimentos nos esportes – que provocam muita emoção – e a participação da TV mostrando os eventos, o negócio cresceu muito com aportes de grandes patrocinadores. Começou a briga pela alta performance e pressão sobre o atleta para ser o primeiro, o melhor, o recordista. Com isso, veio o doping, disse Jennings.