Blog do José Cruz

Arquivo : julho 2015

Doente, Coaracy Nunes deixará a CBDA, em 2016. E anuncia o sucessor
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José Cruz

Com Daniel Brito – do UOL Esporte, em Toronto

Movimentando-se em uma cadeira de rodas  –“problemas com diabetes” –,  o decano dos cartolas brasileiros, Coaracy Nunes, há 27 anos comandando a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), anunciou que deixará a presidência da entidade ao final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem, apesar de seu mandato findar só em março de 2017. E anunciou o sucessor: Ricardo de Moura, superintendente da CBDA, antecipando que quer uma eleição por aclamação, sem oposição. Não terá problemas neste desejo.

Desabafo Coaracyy

“Foi um presente que Deus me deu, esse Pan. Penso que será meu último Pan. Não vou continuar depois da Olimpíada. Não vou abandonar, mas vou acompanhar a confederação de fora. Se precisar, é só me chamar. Eu não estou no esporte para aparecer, eu estou no esporte, porque ele faz bem” – disse Coaracy ao repórter Daniel Brito, do UOL Esporte.

Ordem médica

Estou com problema saúde, que é diabetes. O médico pediu para eu parar. Agora, a minha mulher tem que me acompanhar em todas as viagens. Mas não vou sair da Confederação por causa do problema de saúde, não é nada disso. Vou deixar porque estou cansado mesmo”.

Sucessor

Mas vou deixar a confederação nos trinques. Meu sucessor vai ser o Ricardo de Moura (superintendente da CBDA e chefe da equipe do Pan), um rapaz excelente, muito inteligente, preparado”.

Toronto

Estou muito feliz porque, mais uma vez, com um planejamento tranquilo, fizemos uma grande figura aqui no Pan de Toronto. Estamos no caminho certo, tenho certeza que vamos repetir esse desempenho aqui no Mundial de Kazan” (Rússia) – de 24 de julho e 9 de agosto próximo”.

Memória

Aos 77 anos, completados em abril, Coaracy afastou-se da CBDA por três meses, logo no início do ano. Quando retornou, o dirigente, de longas conversas e discursos, falava pouco. As suspeitas eram de que teria sofrido um AVC, não confirmado oficialmente.

Há um mês, Coaracy participou de uma manifestação na Câmara dos Deputados, quando discursou, normalmente, a favor da renovação da Lei de Incentivo ao Esporte. Ao se retirar, demonstrou não estar completamente bem, pois caminhava amparado por uma assessora da CBDA.

A doença

Segundo um dirigente do esporte, que não quis se identificar, Coaracy Nunes apresentou uma “neuropatia” – destruição do nervo nas pernas – provocada pela diabete, e isso dificulta andar. A neuropatia diabética acarreta problemas digestivos, cardiovasculares, urinários, entre outros.

Mudança de Rumos

Em entrevista que concedeu a este blogueiro, nos Jogos de Sidney, em 2000, Coaracy Nunes disse que ficaria somente mais quatro anos à frente da CBDA. E afirmou que o seu substituto seria o então nadador Gustavo Borges, que se despedia de Olimpíadas no evento australiano. A promessa, anunciada na frente do próprio Gustavo, nunca se confirmou.

A eleição  Ricardo-Moura-Foto-Satiro-SodreAGIF_LANIMA20120722_0034_41Não será difícil para Coaracy fazer o seu sucessor. Aclamado pelos presidentes de todas as federações esportivas, que o mantiveram no poder por sete ciclos olímpicos, ele tem no superintendente Ricardo de Moura (foto) o homem forte na execução dos projetos da CBDA – natação, maratonas aquáticas, saltos ornamentais, polo aquático e nado sincronizado.

Trata-se de um técnico de reconhecimento nacional, organizado e de fácil diálogo, que desde o início deste ano já vem dando perfil mais dinâmico e moderno à gestão da CBDA. Só falta marcar a data da posse.

Fotos:

Coaracy Nunes: DAnielle Rocha

Ricardo de Moura: http://tudosobrenatacao.blogspot.com.br/


A propósito da construção do Sistema Nacional do Esporte
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José Cruz

“Uma nação desenvolvida esportivamente é aquela em que todos cidadãos têm direito e acesso, de forma voluntária e livre, às práticas esportivas (e a outras práticas corporais não esportevizadas); assim como a eficiência do sistema de saúde não se mede pelo número de hospitais de alta tecnologia”

Por Valter Bracht

Nos dias 23 e 24 de junho de 2015 a Comissão de Esportes da Câmara Federal, em articulação com o Ministério do Esporte, promoveu o Seminário “Sistema Nacional do Esporte em construção: sistemas públicos nacionais e modelos esportivos internacionais”. Nesse seminário foram apresentados e discutidos alguns sistemas brasileiros como o SUS e o da Cultura, entre outros, e sistemas esportivos de outros países (EUA, Rússia, Alemanha), além de conceitos e concepções de esporte e modelos de financiamento.

Valter

Na minha intervenção no seminário, na mesa-redonda que discutiu os sistemas esportivos dos EUA, Rússia e Alemanha, destaquei algumas características do esporte moderno e suas implicações para pensar um sistema e as políticas públicas para esse setor. Retomamos aqui, brevemente, alguns aspectos que consideramos importantes.

Um deles é o reconhecimento, já presente na legislação esportiva atual, de que o esporte é hoje um fenômeno diverso e multifacetado. Busca-se captar e retratar essa diversidade nos conceitos de Esporte de Alto Rendimento, Esporte Participação e Esporte Educacional. Apesar da impropriedade da expressão Esporte Educacional, mais adequado seria, a meu ver, Esporte Escolar, o que importa e mais significativo é como compreendemos as características e a função social dessas diferentes manifestações.

Uma primeira observação é a de que esses três subsistemas operam com códigos que orientam suas ações internas muito distintos: O esporte de alto rendimento opera a partir do código binário vitória-derrota; O esporte participação a partir dos códigos do divertimento, da saúde, da sociabilidade, do bem estar; e o esporte escolar com o código da formação (Bildung) ou da educação.

Autonomia

É fundamental reconhecer a autonomia (sempre relativa) de cada uma dessas manifestações e com isso superar o modelo da pirâmide. Esse modelo buscou sempre instrumentalizar o esporte escolar e o esporte participação, colocando-os a serviço do esporte de alta performance. Esse é um equívoco tanto político quanto técnico. A idéia de que a culminância da prática esportiva nacional deve ser o desempenho das nossas equipes nos grandes eventos internacionais produz efeitos negativos no âmbito do esporte participação e escolar.

Uma nação não tem alto índice de desenvolvimento esportivo porque ganha muitas medalhas (essa é uma ideologia construída pelo sistema esportivo e pelos interesses econômicos a ele ligados); uma nação desenvolvida esportivamente é aquela em que todos cidadãos tem direito e acesso de forma voluntária e livre, às práticas esportivas (e a outras práticas corporais não esportevizadas); assim como a eficiência do sistema de saúde não se mede pelo número de hospitais de alta tecnologia.

O esporte de alto rendimento ou espetáculo tornou-se uma prática extremamente especializada, com uma tecnologia muito específica, de maneira que sua relação com a prática esportiva do cidadão comum alterou-se substancialmente.

O cidadão comum não toma como referência para a prática esportiva o que acontece no plano do esporte de alto rendimento. Isso explica porque o nível de prática esportiva por parte da população não é afetado pela realização de megaeventos esportivos em determinado país. Aliás, pesquisas mostram, em alguns casos, um declínio. Isso se deve, em parte, ao fato de que os equipamentos sociais para essas duas práticas são também muito diferentes. O esporte de alto rendimento exige cada vez mais equipamentos específicos e com um nível de tecnologia que os tornam extremamente caros e que não são utilizáveis pela população em geral.

Por outro lado, os equipamentos destinados à prática do cidadão comum têm a vantagem de poder compor de forma muito mais sustentável o ambiente urbano (ao contrário do esporte de alto rendimento, como observamos exaustivamente no caso da cidade do Rio de Janeiro que sediará a Olimpíada de 2016). São também, na maioria das vezes, multifuncionais em contraposição à normalmente monofuncionalidade dos equipamentos do esporte de alto rendimento. Por exemplo: ciclovias são utilizadas para deslocamentos para o trabalho, mas também para o lazer no final de semana pela massa da população, ao passo que um velódromo, que tem custo altíssimo, é utilizado somente para uma prática muito específica, por um grupo seleto e pequeno de atletas e ainda, de forma esporádica.

Esporte para todos

Essas análises desembocam, logicamente, na afirmação de que, para melhorar nosso índice de desenvolvimento esportivo, o sistema e as políticas públicas precisam priorizar efetivamente o esporte para todos (participação, como conhecido). Analogamente ao que acontece com o Sistema Único da Saúde, o SUS, que aposta na atenção básica, na medicina preventiva e da família, a prioridade e os recursos públicos não podem ser destinados ao desenvolvimento do esporte de alto rendimento. Esse é um segmento da economia, e o alto investimento de recursos públicos diretos e mesmo por meio de isenção fiscal é apenas uma forma de subsidiar a indústria do entretenimento no seu segmento, bastante lucrativo, do esporte espetáculo.

O esporte escolar, por outro lado, tem a função de contribuir para a formação ampla do cidadão por meio de uma espécie de “alfabetização esportiva”. Como dizia Paulo Freire a respeito da alfabetização, essa não pode ser ensinar a ler as letras e sim o mundo. Ou seja, esporte escolar é uma importante atividade da escola e deve estar incorporada ao seu projeto pedagógico e não servir aos interesses do esporte espetáculo; ao contrário, seu tratamento pedagógico deve permitir ao cidadão uma leitura crítica do significado do esporte para a sociedade e para a sua própria vida.

Para finalizar lembro que o renomado político da social democracia alemã Helmut Schmidt, já em 1975, numa reunião da Federação Alemã de Esportes em Frankfurt, afirmava que: “o número de medalhas não diz absolutamente nada a respeito da liberdade e do grau de justiça existente numa sociedade”.

VALTER BRACHT atua no Laboratório de Estudos em Educação Física, Centro de Educação Física e Desportos eUniversidade Federal do Espírito Santo


Com apoio milionário, tênis retrocede 32 anos e fica sem medalha no Pan
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José Cruz

Ao contrário de outras modalidades, que revelaram suas promessas, o tênis brasileiro patinou no Pan-Americano de Toronto. Sem um único pódio, retrocedeu 32 anos na competição, quando a delegação voltou dos Jogos de Caracas, 1983, sem medalha. Das 13 partidas disputadas pelos brasileiros, foram apenas cinco vitórias

Com certeza, não se pode avaliar a evolução do esporte apenas pelo número e peso das medalhas conquistadas internacionalmente. Mas elas são parâmetros para, aliados a outros fatores, demonstrarem o estágio da modalidade.

Paula

Em Toronto, Bia Haddad e Paula Gonçalves (foto), na chave de duplas, estavam com o bronze praticamente garantido. Elas eram cabeças-de-chave nº 1, e entraram na competição já na semifinal.Depois de perderem na estreia, Bia sentiu uma lesão no ombro, desistindo da disputa e saindo, também, da chave de simples. Paula chegou à segunda rodada, mas foi eliminada pela paraguaia Veronica Royg. Já Gabriela Cé, perdeu na estreia para a canadense Gabriela Dabrowski.

Enquanto isso…

A Confederação Brasileira de Tênis (CBT), acumula R$ 52 milhões de patrocínio dos Correios nos dois últimos ciclos olímpicos (2008/2016). Nos valores abaixo, os de 2012/2014 e 2014/2016 estão os investimentos do Plano Brasil Medalhas, do governo federal.

   A N O S VALOR R$
2008 / 20093.800.000,00
2009 / 2010          4.200.000,00
2010 / 2011          4.500.000,00
2011 / 2012          5.700.000,00
2012 / 2014        15.900.000,00
2014 / 2016        17.900.000,00
 T O T A L   52.000.000,00

 

E daí?

Quem são os “talentos”, surgidos com esses investimentos públicos?

Qual o grande projeto nacional de massificação do tênis, em execução?

Quem fará a avaliação do desempenho da modalidade no Pan-2015, para as correções de rumo? O COB? Os Correios, principal investidor de verbas públicas? A própria CBT?

Quando o Ministério Público de São Paulo apresentará as conclusões sobre as denúncias de corrupção na gestão do presidente Jorge Rosa, amplamente divulgadas neste espaço, há quatro anos?  A atual diretoria está no cargo desde 2004 – 10 anos! Dois ciclos olímpicos e meio!

Foto: revistatenis.uol.com.br


Primeira dama do esporte ganhou credencial de escalão ministerial, no Pan
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José Cruz

Gorete Cecílio, esposa do ministro do Esporte, George Hilton (foto), desfilou com credencial de escalão ministerial nos vários centros dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Gorete acompanhou o marido, que estava em missão de governo, nos cinco primeiros dias do evento esportivo, que termina no dia 25.  casal

O credenciamento da primeira dama do esporte, no mesmo nível do ministro, foi a “única gentileza” do Comitê Olímpico, segundo um assessor de George Hilton, ao ser indagado se o COB havia pago das despesas do casal.

Quem pagou?

As despesas de viagem de Gorete foram pagas pelo marido, George Hilton. O ministro, por sua vez, recebeu passagens e diárias do Ministério que dirige, o que é de lei, segundo a mesma fonte oficial.

Com isso, George Hilton evitou repetir o escândalo de 2003, quando o então ministro, Agnelo Queiroz, e sua mulher, Ilza, tiveram as diárias, despesas extras do hotel e carro com motorista pagas pelo COB, nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo.

A denúncia foi da então secretária nacional do Esporte, Paula Gonçalves, que se demitiu do cargo pouco tempo depois. Agnelo garantiu que devolveu aos cofres do Ministério as diárias recebidas.

Cortesia 

Ser gentil com autoridades públicas é rotina do Comitê Olímpico do Brasil. Mas há casos de cortesias constrangedoras, pois o Ministério do Esporte é, também, órgão fiscalizador das verbas públicas que libera, para o COB,  dirigido por Carlos Nuzman.

Nos eventos olímpicos essas cortesias são praxe, inclusive entre os cartolas, que viajam com seus familiares, para privarem da convivência com astros famosos do esporte.

Foto: Edy Fernandes – jornal O Tempo/BH


Dilma, Lula, Temer e os Jogos da ilusão
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José Cruz

No almoço com Lula, ontem, para discutir sobre os rumos políticos do governo e tentar melhorar as relações com o Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff deixou de fora o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), informa a repórter Denise Rothenburg em sua coluna Brasília-DF. Michel é o coordenador político do governo. É quem está segurando a corda, para que não arrebente mais cedo no lado do Palácio do Planalto…

Lula-Dima-Temer-Foto-Valter-Campanato-ABr

Esta é mais uma evidência de como as coligações partidárias (PT e PMDB, no caso)  são de ocasião, na hora do voto. E se tornam de brincadeirinha, quando o governo se instala, cada um buscando seus interesses, conforme o momento.

Enquanto isso…

Guardadas as proporções, assim são as relações do esporte com as forças armadas, desde 2011. São 700 atletas de alto rendimento vinculados ao Exército, Marinha e Aeronáutica, com salários e direito para bater continência. A estratégia surgiu para reforçar o time brasileiro nos Jogos Mundiais Militares, no Rio. Com resultados, claro, porque a disputa foi entre os profissionais daqui e os amadores de fora. Não é um jogo de ilusões, como nas relações políticas-partidárias?

Desde 2003, o Brasil esportivo avançou em vários programas, turbinados por muito dinheiro, mas sem um projeto central, a tal “política”. Agora, tenta construir uma, a partir do Sistema Nacional, mas sob o enfoque exclusivo do Ministério do Esporte. E isso acontece porque o comando maior não é técnico. Num primeiro momento foi político (o PCdoB), A partir deste ano é religioso, a Igreja Universal…

É assim mesmo, com estratégias de ocasião, para iludir e reforçar o discurso, como na política.

As fontes

Temos centenas de atletas com até cinco fontes de financiamentos públicos, num espetacular enriquecimento individual nunca visto no esporte, que ofende os que vivem na miséria, os que estão em início de carreira, a tal “base do esporte”.

Lei Piva, Lei de Incentivo, Orçamento do Ministério, Bolsa Atleta, patrocínio estatal e salário militar são as principais fontes do esporte. Há atletas que ganham até R$ 30 mil só de patrocínio de uma estatal, mais R$ 15 mil de Bolsa Atleta, salário do clube que representa e o soldo de terceiro sargento….

O recordista de medalhas no Pan, Thiago Pereira,0 ganhava R$ 40 mil mensais para nadar pelo Corinthians, informou o ex-presidente Andrés Sanches. No tênis, atletas faturam até 500 mil dólares por ano. Ótimo, são profissionais e é a regra do jogo! Mas com esses ganhos (cerca de R$ 16,5 milhões anuais) merecem a Bolsa Atleta, num país de educação pelas tabelas?

O desporto escolar e o universitário estão nesse contexto, agora reforçado pelos militares: qual a contribuição dessas instituições para o fortalecimento do esporte na escola e em nível superior?

Como na política, criam-se desvios conforme as necessidades, de acordo com o evento do dia e satisfazendo o que sai da cabeça do ministro-político de plantão.

Porque, entre as instituições oficiais do esporte o diálogo é de fachada. O discurso é apenas para que todos fiquem muito bem na foto. Depois, é cada um por si. Como Dilma e Temer.

Foto: revista Época


CPI da CBF está instalada. Romário é o presidente
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José Cruz

O senador Romário (PSB/RJ) foi eleito por aclamação para presidir a CPI da CBF, instalada hoje à tarde no Senado Federal. O relator será Romero Jucá (PMDB/RR). A primeira reunião de trabalho está marcada para 4 de agosto, na reabertura do Congresso Nacional, depois do recesso parlamentar.

A escolha de Romário e a indicação de Romero Jucá, realizada numa sessão relâmpago de 12 minutos,  ocorreu por acordo de lideranças, depois de conversas realizadas pela manhã.

Depois que o senador Omar Aziz, o mais velho dentre os parlamentares da CPI presentes, que presidiu a abertura dos trabalhos, anunciou o motivo da reunião, o senador mineiro Zezé Perrella (PDT)  indicou Romário para presidir a Comissão. “Romário trabalhou, colheu assinaturas para esta CPI, tem história no futebol”, afirmou Perrella.

“Quero fazer com o senador Jucá uma parceria para abrir esta caixa preta que se transformou o nosso futebol. Não merecemos o que está acontecendo, e os resultados demonstram a incapacidade e falta de profissionalismo na gestão do nosso futebol”, disse Romário.

A CPI está constituída pelos seguintes senadores

Humberto Costa (PT/PE), Zezé Perrella (PDT/MG) Donizeti Nogueira (PT/MG), Eunício Oliveira (PMDB/CE), Romero Jucá (PMDB/RR), Omar Aziz (PSD/AM), Álvaro Dias (PSDB/PR),  David Alcolumbre (DEM/AP), Romário (PSB/RJ), Fernando Collor (PTB/AL) e Ciro Nogueira (PP/PI).


Desabafo de ex-atleta campeão Pan-Americano junto ao Ministério do Esporte
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José Cruz

“Prezados Senhores do Ministério do Esporte

Até quando nós, esportistas, vamos ver a “mesmice” que ocorre antes de todos os Jogos Olímpicos?

A falta de gestão do esporte brasileiro começa no Ministério do Esporte, onde não temos sequer uma pessoa apta para o cargo que ocupa, a começar pelo próprio Ministro do Esporte, e indo ao Comitê Olímpico, Confederações e Federações.

Infelizmente os Jogos Pan-americanos que, outrora, classificava os atletas das Américas a obter classificação para os Jogos Olímpicos, hoje, na maioria das modalidades, isto já não acontece e, assim, perdeu-se a qualidade quanto aos atletas competidores.

Na presente versão dos Jogos Pan-americanos o ganho de medalhas é relativo, pois o índice técnico na maioria das modalidades é muito baixo, pois americanos, canadenses, cubanos e mesmo brasileiros, não levam suas melhores equipes.

Portanto, como diz o José Cruz, vamos conter o ufanismo pelas medalhas conseguidas e vamos ver o que acontece nos Jogos Olímpicos, em que o Brasil para melhorar sua performance, “importou” diversos atletas estrangeiros “naturalizados”.

Isto demonstra a “falência” da formação desportiva no Brasil, pois os clubes que eram o celeiro de atletas, estão desmotivados, pois arcam com a maior parte do custo desta formação e quem recebe ajuda financeira são as confederações e o Comitê Olímpico, e nada repassando para as entidades formadoras de atletas.

Já vivi 60 anos desta falta de gestão no esporte nacional, vendo políticos e aproveitadores tomarem postos de gestão nas entidades desportivas nacionais e não deixando pessoas de gabarito, formadas e doutoradas em educação física e gestão esportiva, ocuparem cargos de comando do desporto nacional.

Há muitos exemplos de sucesso de gestão esportiva e dos quais tenho o prazer de participar, como o “O D P – Olympic Developmment Program”, desenvolvido nos Estados Unidos, onde desde os 8 anos de idade os jovens atletas americanos de diversas modalidades, são acompanhados tecnicamente por profissionais habilitados e ranqueados para obter facilidades no desenvolvimento de seus treinamentos.

Como este, existem programas na Alemanha, Espanha e outros países, que obtém resultados expressivos nas competições internacionais.

Enfim, envio este email para o Ministério do Esporte com o objetivo de que alguém que ainda se interesse por esporte nesse órgão leia e verifique o descontentamento de nós atletas brasileiros.

Luis Eduardo Pinheiro Lima

Campeão pan-americano de Polo Aquático em 1963 e vice campeão em 1967

Gestor esportivo do Esporte Clube Pinheiros”

 

 


Tiro quadruplica gastos com pessoal, mas campeão do Pan treina em casa
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José Cruz

Entre 2012 e 2015, a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) fechou convênios de R$ 7,1 milhões, com o Ministério do Esporte. Desse total, recebeu R$ 3,7 milhões, cerca de 50% dos contratos. O dinheiro destina-se à preparação da equipe de tiro rumo aos Jogos Rio 2016, com passagem pelos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em andamento.

Estranhamente, os balanços da CBTE não registram sobre os recebimentos das verbas da Lei Piva, via Comitê Olímpico do Brasil, cujo valor daria uma projeção de quanto a entidade recebe de verbas públicas.

Porém, o mesmo balanço revela que, entre 2012 e 2014, as despesas com pessoal da Confederação quadruplicaram, saltando de R$ 46 mil para R$ 171 mil.  wu

Enquanto isso…

… o paulista Felipe Almeida Wu, que conquistou em Toronto a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, na prova do tiro de 10 m com pistola de ar, treinou no quintal e na garagem de sua casa, por falta de local adequado. A notícia foi amplamente divulgada pela imprensa, na última semana.

No estande de tiro improvisado, o alvo fica sete metros do atirador, três a menos da distância oficial da prova que o campeão pratica.

Consultei a CBTE sobre a execução dos convênios com o Ministério do Esporte, já que as verbas destinavam-se, principalmente, à preparação da equipe Rio 2016.

Foto: UOL


Pan de Toronto: sem ufanismos, se vierem medalhas no tênis
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José Cruz

As chaves do tênis feminino e masculino no Pan de Toronto são quase um torneio para juvenis e amadores, deixando de fora aqueles que irão participar dos jogos Rio-2016. Mas se medalhas forem conquistadas, certamente serão utilizadas com glória pelos desastrosos gestores da modalidade no Brasil

Por Walter Guimarães – Jornalista 

O UOL informou que, mesmo perdendo o jogo de estréia na chave de duplas do tênis feminino, o Brasil ainda disputará o bronze, por terem sido inscritas apenas sete duplas na competição.

Esse é um ótimo exemplo para a mostrar que a avaliação do número de medalhas conquistadas em Toronto deve ser feita com muito cuidado e sem ufanismos convenientes. A imprensa e nós, cidadãos, temos que fazer a própria avaliação, porque nossos gestores do esporte irão se vangloriar a cada bronze conquistado.

Beatriz-Haddad-Maia

A chave feminina de simples conta com 30 tenistas, de 15 países, sendo que, em seis deles, a única representante é justamente a única tenista ranqueada do país na WTA. Por exemplo, a guatemalteca Andrea Weedon é a 1.172ª; e a equatoriana Charlotte Romer é a 1.007ª do mundo.

O Brasil está representado pelas tenistas: Beatriz Haddad (foto), 149ª do mundo, Gabriela Cé (241ª) e Paula Araújo Gonçalves (266ª). Na primeira rodada de simples, elas enfrentarão jogadoras ranqueadas em 331ª, 186ª e 619ª, respectivamente.

Ou seja, com as tenistas que estão por lá, há boas chances de as brasileiras irem atrás de uma medalha também na chave de simples, à exceção de Gabriela Cé, que perdeu ontem à tarde para a Canadense Baby Dabrowsky, por dois sets a 1 e está eliminada do Pan. Já Paula Gonçalves venceu a chilena Daniela Seguel por 2/6, 6/3 e 7/6. A melhor classificada no evento é a norte-americana Lauren Davis, 75ª do mundo.

Se trouxerem qualquer medalha, lógico que devemos comemorar. Mas, comemorar apenas o fato delas conseguirem romper barreiras que foram colocadas pelos nada “sapientes” cartolas da Confederação Brasileira de Tênis. Incrível como não conseguiram aproveitar a onda que “um tal” Gustavo Kuerten trouxe para o Brasil. Pensar que o “manezinho” foi tricampeão em Roland Garros, ganhou cinco Masters Series (como eram conhecidos os Masters 1000), além de terminar como Nº 1 no, cada vez mais longínquo ano de 2000.

Critérios

Afinal, qual foi o critério dos gestores para a escolha dos representantes da chave masculina no Pan de Toronto – Orlando Luz (570º do mundo e 18º no “ranking brasileiro”), João Menezes (658º e 23º) e Marcelo Zormann (817º e 31º do Brasil)? Desses, apenas o mineiro João Menezes ganhou seus dois primeiros jogos, e na terceira rodada enfrentará o equatoriano Gonzalo Escobar, 284º do mundo.

Por que Teliana Pereira, Thomaz Bellucci e João Souza, o Feijão, não estão por lá? Seria por causa do calendário deles? Mas eles não recebem patrocínio de uma estatal e fazem parte do milionário Plano Brasil Medalhas, nascido no Palácio do Planalto, também para representar o país em eventos desse nível?

Por que não usar o Pan como treinamento para os Jogos Rio-2016? Por que tratar o evento de Toronto como um “torneio Future”, normalmente disputado por juvenis? Talvez porque o nível do torneio seja mesmo de um “Future”, mas, daí, não vale vangloriar se o João Menezes trouxer uma medalha. Como já disse, sem ufanismo.

Foto: blog Jurerê Internacional


Mané Garrincha: o legado do abandono
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José Cruz

BURACOMANE

 

   Um ano depois da Copa das Copas,

o estádio ManéGarrincha,

construído por R$ 1,8 bilhão,

é um triste cartão postal da

Capital da República, símbolo 

do relaxamento

e do abandono do poder público.

O interesse da

iniciativa privada para explorar

o estádio nunca existiu.

Carreta

O projeto para  tornar o espaço em um amplo parque esportivo, aberto à comunidade, foi esquecido.

A área externa abriga estrutura para shows, circos, auto-escola e um improvisado

estacionamento de ônibus, carretas e reboques OCIRCO

Depois da Copa, foram realizados 22 jogos do Mané Garrincha, média de 12.600 torcedores por jogo, cerca de 18% da capacidade do estádio – 72 mil lugares .

O custo do aluguel, que pode chegar a R$ 300 mil, é o principal motivo do desinteresse dos clubes virem jogar aqui