Blog do José Cruz

Presidente da Confederação de Esgrima contesta denúncias de atletas

José Cruz

Do presidente da Confederação Brasileira de Esgrima (CBE), Gerli dos Santos, recebi a seguinte mensagem sobre os assuntos revelados neste blog, em especial reclamações de atletas que viajam para competições no exterior sem o apoio da entidade oficial.

Brasília, DF, 10 de fevereiro de 2015

Com as nossas homenagens, após tomarmos conhecimento da matéria publicada, narrando as dificuldades dos atletas cadetes e juvenis quando de suas participações no último Pan-Americano, me permita esclarecer algumas considerações

Quanto a situação da esgrima brasileira a exemplo de muitas outras modalidades olímpicas eminentemente amadoras, de posse dos créditos que recebemos elaboramos projeto de trabalho com um calendário anual de participação em competições, organização de competições nacionais e internacionais, priorizando em razão dos recursos disponibilizados aqueles atletas que poderão contar com parte destes recursos. Evidente, que nesta fase que nos encontramos temos, obrigatoriamente, de estabelecermos prioridades e é o que estamos fazendo.

Outra fonte de recursos recentemente conquistada pela CBE foi o patrocínio que recebemos da PETROBRAS. Assim, convocamos a nossa equipe permanente, composta por atletas adultos e juvenis (os recursos só podem ser aplicados nesta equipe convocada), montamos o planejamento técnico de participação em competições e “campings” de treinamentos e, neste momento, prioritariamente com foco nos Jogos Pan/2015 e na classificação olímpica Rio 2016.

Mesmo tendo que priorizar os recursos para uma parcela dos esgrimistas expoentes, procuramos incentivar a participação dos demais esgrimistas nas diversificadas competições internacionais, notadamente os juvenis.

Me permita relembrar uma informação anteriormente prestada quanto aos esgrimistas que não pertencem a equipe permanente e por meio de suas Entidades desejam participar de eventos internacionais, alguns, momentaneamente, não priorizados em nosso planejamento.

Através de um documento chamado termo de intenção de participação em competições internacionais os demais esgrimistas que não foram convocados para comporem uma equipe representativa em alguma competição internacional programada, encaminham o documento para a CBE e ao encaminharem tal documento afirmam tacitamente terem disponibilizados os recursos necessários, apoio técnico e uniformização para participarem da competição requerida. Ou seja, os esgrimistas afirmam documentalmente através dos seus Clubes e técnicos que possuem todas as de condições para participarem da competição requerida (foi o caso deste evento), e muito deles, já apoiados pela nossa Instituição.

Sobre a sua colocação na matéria de que “Patrocinados pela Petrobras, mas sem apoio para representar o Brasil em eventos internacionais, esgrimistas brasileiros pagam as suas despesas de viagem, e a maioria se apresenta com agasalhos emprestados”, informamos que os recursos disponibilizados por nossa patrocinadora dizem respeito aos esgrimistas que integram a nossa equipe permanente, onde inclusive contamos com alguns esgrimistas juvenis que vêm se destacando em suas categorias. A Gabriela e o Camargo, citados na reportagem, são exemplos deste apoio.

Quanto ao “primo pobre” igualmente citado em sua matéria, tal colocação mesmo pejorativa é oportuna pois, como você mesmo destacou, os recursos por nos recebidos foi um dos menores entre as Confederações Olímpicas. Mas temos consciência de nossas potencialidades e com certeza iremos reverter tal situação por meio dos resultados que temos conquistado muito bem explanado por você. Com isto, com certeza teremos condições técnicas de buscar novos recursos.

Quanto a esta questão dos agasalhos, a muito tempo a CBE vem fornecendo abrigo esportivo para os esgrimistas integrantes da equipe permanente e para os esgrimistas não pertencentes a esta equipe, quando convocados oficialmente para participarem das competições oficiais patrocinadas pela Confederação, o que não foi o caso.

Infelizmente, não dispomos de recursos para fornecer abrigo para todos os esgrimistas do Brasil e mesmo assim, quando solicitados e devidamente justificado, procuramos fornecer o abrigo de forma gratuita para alguns esgrimistas não pertencentes a equipe permanente (com certeza eles poderão comprovar esta nossa afirmação).

Quanto aos abrigos colocados à venda, todos podem observar que os valores praticados se referem aos custos de sua confecção e envio ao interessado, já que neste universo, além dos praticantes da modalidade existem outros envolvidos como pais de esgrimistas, etc. que desejam adquirir tal vestimenta para acompanharem os filhos em competições não oficiais.

Quanto a afirmação de que “Nesta viagem a Toronto, os únicos que estão com as despesas pagas são o chefe da delegação, Jorge Tuffi, presidente da Federação Paranaense de Esgrima, e o técnico Mestre Kato, também do Paraná”, tenho certeza que não foi esta a sua intenção, mas fica parecendo que só tivemos a preocupação de apoiar a alguns profissionais e tal assertiva parte de uma premissa falsa e se a premissa é falsa com certeza a conclusão também o será.

Para entendimento de todos, mesmo que a CBE não tenha recursos para participar de um determinado evento, como esta última competição Pan Americana, por força da regulamentação da Federação Internacional de Esgrima todas as inscrições são de responsabilidade da Confederação e em consequência, ou não autorizamos a participação dos esgrimistas filiados nestas competições ou teremos que arcar com um mínimo de despesa, enviando um chefe de equipe e um técnico, repito, mesmo não tendo recursos disponibilizados para o evento.

Quanto a ironia apontada no texto em relação ao nosso patrocínio, os recursos que recebemos de nossa Patrocinadora têm por objetivo atender a uma equipe selecionada pelo ranking brasileiro e tal equipe não tem nome. Ou seja, qualquer esgrimista tem a oportunidade de integrar a seleção brasileira, dentro dos critérios de ranking, de conhecimento e anuência de nossas filiadas e dos nossos praticantes.

A exibição da marca da patrocinadora nos parece ser mais que justa, haja vista que jamais fomos cobrados em resultados e sim em evolução esportiva, evolução esta devidamente registrada, por meio dos resultados obtidos, como o da matéria publicada.

Em função deste aporte financeiro os esgrimistas integrantes da equipe permanente podem usufruir hoje de um satisfatório apoio em plano de saúde, estudos, suporte financeiro e custeio de despesas em competição (passagem, hospedagem, alimentação, inscrição em competições e apoio médico).

Na oportunidade, queremos registrar que todos os compromissos assumidos por nossa patrocinadora vêm sendo honrados de forma exemplar. Assim, rogo pelo bem do esporte amador que não façamos críticas generalizadas a uma empresa honrada, composta por uma equipe técnica de profissionais que neste exato momento, mesmo longe de suas famílias estão trabalhando diuturnamente em nossas plataformas e que não merecem carregar o peso da conduta adversa de uns poucos. Temos orgulho da Petrobras.

A assertiva de que “a esgrimista Gabriela Cecchini, do Grêmio Náutico União, foi prata no Florete Juvenil. Gabriela já foi medalha de bronze no Mundial Cadete. Ela representou o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude. Também competiu na Europa várias vezes, mas sem dinheiro do COB ou da CBE” não traduz a realidade.

Não sei se “espertos” conforme colocado em seu texto, mas para conhecimento, a apresentação da esgrimista ao Presidente do COI além de homenageá-lo, teve como objetivo sensibilizar o dirigente do órgão máximo do olimpísmo e, consequentemente, obtermos a inscrição da esgrimista no projeto solidariedade olímpica por meio do Comitê Olímpico Brasileiro com benefício financeiro da esgrimista, o que evidentemente ocorreu.

Quanto a esgrima não ser prioridade, isto hoje é uma realidade, não é pelo fato de Doha no Catar sediar a próxima edição da Copa do Mundo de Futebol que eles serão campeões do mundo. Sabemos de nossas dificuldades e limitações. Entretanto este quadro vem se modificando em função dos atuais resultados que o nosso esporte vem conquistando.

Lembro que quando o Programa Bolsa Pódio foi lançado e não contemplou nenhum esgrimista, aceitamos com tranquilidade tal decisão, já que uma das condições para o ingresso neste programa era que o atleta se encontrasse entre os vinte melhores do mundo no ranking olímpico.

Hoje, com satisfação temos o sabrista Renzo Agresta inserido neste seleto universo e já requerendo a inscrição de mais dois jovens talentos, os floretistas Perrier e Toldo, que com certeza ainda nos darão muitas alegrias no desporto de alto rendimento.

Do exposto, mais uma vez, a CBE sentiu a necessidade de escrever para o prezado jornalista objetivando esclarecer algumas colocações de forma clara e transparente, pois, tenha certeza, que os atuais integrantes da direção da CBE, todos ex-atletas da modalidade, procuram conciliar as suas atividades profissionais (funcionários públicos, profissionais liberais, empresários, etc.), com a nobre missão que nos foi confiada de melhor conduzir a nossa modalidade, mesmo que para isto contrariemos alguns interesses de ordem pessoal.

Agradecemos a oportunidade de podermos contestar algumas colocações veiculadas na matéria tratando de nosso esporte e aproveitamos a oportunidade para convidá-lo para visitar a nossa sede administrativa, a fim de melhor conhecer o trabalho desenvolvido por nossa Confederação.

Atenciosamente, GERLI DOS SANTOS Presidente da CBE