Blog do José Cruz

CBF: reforma real sairá só em abril

José Cruz

As demissões e nomeações anunciadas pelo presidente da CBF, José Maria Marin, podem parecer novos tempos na gestão da entidade, já consagrada como fracassada. Mas é bobagem, porque a CBF está em transição.

Novos tempos, de fato, só em abril, quando Marco Polo Del Nero assumirá a presidência, indicando a sua equipe, quem sabe com nomes de maior expressão e, aí sim, com cara de “renovação”.

Faltam oito meses para isso. Nesse tempo, a Seleção fará amistosos, com a Argentina, inclusive. Serão jogos que, pelo momento de baixa e humilhação do nosso futebol, poderão contribuir para “queimar” o novo técnico e o próprio coordenador agora nomeado, Gilmar Rinaldi, o que justificaria a necessidade de uma drástica mudança.

Estrutura

Mas a maior mudança depois do vexame da Copa não foi discutida até agora, que é na estrutura da CBF, seu limitado colégio eleitoral e, a partir daí, no futebol como um todo.

O fracasso do atual modelo, que culminou com eliminação do Brasil no Mundial, começa na fragilidade dos clubes, na falta de confiança nos dirigentes e ausência de transparência nos negócios, turbinados por muita grana pública. Sobre essas mudanças, apenas o Bom Senso F.C. tem se manifestado.

Falta à atual gestão da CBF competência, idoneidade e estrutura moral para concentrar esse debate. Por isso, ele é articulado em três frentes: o Bom Senso, que reúne a parte principal, que são os atletas, os cartolas, aliados ao Ministério do Esporte, e o Palácio do Planalto, que concentra o debate na sala presidencial.

Reuniões e projeto

Na semana passada, cartolas articularam audiência com Dilma Rousseff, a ser marcada. Na segunda feira, a presidente receberá os atletas do Bom Senso F.C, liderados por Paulo André. Nesse diálogo, um documento importante estará em debate, o projeto de lei sobre a dívida fiscal dos clubes – “um projeto frágil”, como definiu o Bom Senso FC.

Temos ações isoladas e até de oportunismo político, porque o momento eleitoral é propício para isso. A grande decepção com a Seleção Brasileira não foi suficiente para que o futebol fosse tratado de forma integrada, num debate maior e profundo que tanto precisa.

De concreto: continuamos no caos a partir da gestão de clubes e demais entidades. Para tentar sair dessa situação, só a presidente Dilma vetando o projeto de lei do Proforte e provocando, ai sim, a indispensável discussão para a prioritária reforma estrutural do futebol.