Blog do José Cruz

Arquivo : dezembro 2013

Deputados armam perdão ao calote de R$ 4 bilhões
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José Cruz

Coincidentemente, enquanto o torcedor brasileiro se emociona com o sorteio das chaves da Copa do Mundo, sexta-feira, na Câmara dos Deputados uma comissão especial começa a discutir sobre as dívida de R$ 4 bilhões dos clubes de futebol para com o INSS e o Imposto de Renda. O momento para desviar a atenção sobre o calote histórico é oportuníssimo.

A Comissão Especial que trata desse assunto, presidida pelo deputado Jovair Arantes (PTB/GO), começa hoje uma série de mais de 20 audiências públicas, que vão invadir o primeiro semestre de 2014. O assunto está no Projeto de Lei 6.753/13, denominado de “Proforte”, apresentado porque as finanças dos clubes é “desesperadora e debilitada”, como disse Jovair.

Mas, afinal, qual o valor da dívida? Nem os próprios deputados sabem. O governo trata do assunto em “sigilo” e não revela valores. Portanto, o debate será com informações fictícias. Certo é que, nos dois refinanciamentos já realizados nos últimos anos para tentar resolver o calote não foram honrados. Agora vem o Proforte, espécie de perdão da dívida, um projeto escandaloso e ofensivo ao contribuinte comum, como já comentei.

Pior:

Além da dívida fiscal, há outra, também de valores desconhecidos, para com o FGTS. Este assunto não estava na ordem do dia dos debates, até que o deputado Romário (PSB/RJ), questionou a Mesa da Comissão sobre o assunto. Alvoroço geral, e o calote no Fundo de Garantia pelos cartolas espertos também entrará na ordem do dia das discussões.

Extremos

Os debates sobre a fragilidade financeira do nosso futebol começam na Comissão Especial, enquanto a Fifa projeta lucro de R$ 4 bilhões na Copa 2014, graças, também às isenções fiscais concedidas pelo governo federal. A miséria, a fartura e a irresponsabilidade pública convivem harmoniosamente sob aplausos dos cartolas e incentivo dos torcedores.

A gestão do futebol é frágil de propósito. Quanto pior o controle das contas melhor para armar falcatruas, promover evasão de divisas, sonegação fiscal etc, que se perpetuam na história do esporte.

Foi essa desordem que propiciou esse roubo escandaloso de R$ 4 bilhões ao longo dos anos – a maior parte da dívida devido aos juros e correções.

Recentemente, numa declaração espantosa, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, também ex-deputado federal, declarou que os valores descontados dos jogadores não eram repassados ao INSS e Receita. Foi o atestado claro de apropriação indébita de quem também participou do esquema. Agora, com o apoio do Ministério do Esporte, Câmara e Senado se unem para inocentar o ladrão de ontem – muitos até já fora do futebol –, com prejuízo para o credor e desmoralização do contribuinte que honra  seus compromissos para com o fisco.

As audiências públicas que a Comissão Especial promoverá é conversa tola. O esquema está armado e o perdão virá.


Futebol, políticos e cocaína
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José Cruz

O companheiro Moacir Oliveira, o Moa, experiente jornalista aqui em Brasília, lembrou que o escândalo do ex-ministro do Esporte, Orlando Silva –  que pagou uma tapioca (R$8,00) com cartão de crédito do governo –  repercutiu várias semanas na imprensa.

Mas o transporte de 443 quilos de cocaína no helicóptero do senador Zezé Perrella (PDT/MG) segurou apenas dois dias de noticiário.

Motivado pela “bronca” de Moa volto ao assunto. Até porque, há indícios de um escândalo digno de mafiosos, envolvendo um senador ligado ao futebol. Zezé Perrella já foi presidente do Cruzeiro. Hoje, ele ajuda a derrubar no Senado pedidos de CPIs para investigar falcatruas de cartolas.

O “heliPÓptero”, como diz, Zé Simão, é do senador e inclusive a gasolina que consome é paga com verba de gabinete, ou seja, dinheiro do contribuinte, como divulgou a imprensa mineira.

O deputado estadual Gustavo Perrella, filho de Zezé, trocou mensagens por telefone com o piloto Rogério Almeida Antunes, que era empregado de seu gabinete, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.  Mas Gustavo pensava que o piloto transportava “insumos agrícolas” e não droga da pesada!

A polícia tem 11 celulares apreendidos na operação, cuja quebra de sigilos pode mostrar que pai e filho foram iludidos pelo empregado. Ou não.

Passado

Como lembrou um jornal de Belo Horizonte, Zezé Perrella já foi indiciado por lavagem de dinheiro na venda do zagueiro Luizão, em 2003. Além disso, dois inquéritos, na Polícia Federal e no Ministério Público de Minas, investigam ocultação de patrimônio.

Agora vem o transporte de cocaína.  Estaria o helicóptero a serviço de uma quadrilha sem que os Perrella soubessem? Estaria o piloto usando a aeronave porque político é gente séria (ops, há controvérsias…) e ninguém desconfiaria do crime?

Futebol, onde Zezé atua com desenvoltura, e drogas são segmentos afins altamente suspeitos e com casos comprovados de corrupção, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, contrabando de drogas, etc. As duas CPIs do Futebol, na Câmara e no Senado mostraram exatamente isso, inclusive com envolvimento de vários políticos à época, 2001. Deu em nada, claro.

Enquanto isso…

… os Perrella, pai e filho, intimamente envolvidos com o patrimônio (o helicóptero) e com o agente (o piloto) do escândalo, continuam com seus mandatos parlamentares. Continuam tomando decisões “democráticas em nome do povo”.

Que tal?


UnB desperdiça R$ 16 milhões para reformar parque esportivo
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José Cruz

O setor de planejamento da Universidade de Brasília (UnB) não conseguiu realizar licitação para aplicar R$ 16 milhões na recuperação de seu Centro Olímpico, que serve prioritariamente ao curso de Educação Física e está na agenda para receber competições da Universíade, em 2019, Brasília. O atraso na licitação ocorreu por questões burocráticas, segundo fonte da UnB.

O recurso, do orçamento do Ministério do Esporte, foi colocado à disposição da universidade no final do ano passado, mas até agora nenhuma providência foi tomada, a 29 dias de se encerrar o ano orçamentário. Parte dos R$ 16 milhões seria aplicada no recapeamento das duas pistas de atletismo, para deixá-las em condições de receberem certificado oficial da IAAF (Federação Internacional de Atletismo). A pista principal, de 400 metros, tem oito raias, e a auxiliar, para treino e aquecimento, seis.

As pistas, em rolos, aguardando para serem instaladas

O secretário do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, disse que os cerca de R$ 16 milhões poderão ser colocados no orçamento do ano que vem, pois o material para recapear as pistas já foi adquirido. A área da pista principal receberá nova arquibancada e será coberta.

Rotina

O desprezo da administração da UnB no uso de recursos públicos para o esporte não é novidade. Mesmo contando com uma prestigiada faculdade de Educação Física, os cerca de 1.500 alunos ficaram privados por cinco anos do uso das piscinas. Esse foi o tempo para que a administração da Universidade de Brasília recuperasse as áreas, ainda não entregues aos alunos.

A UnB, oitava colocada no ranking da Folha de S.Paulo, oferece os cursos de Administração, Direito, Economia, Ciências Contábeis e Engenharia, todos que têm profissionais capazes de elaborar uma licitação de acordo com as exigências legais.


Descoberta de talentos: temos isso?
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José Cruz

Na reportagem a seguir, de Carol Fontes, mais um exemplo de como surgem os talentos de nosso esporte, e escancara a falta de políticas públicas para aproveitar o potencial disponível, Brasil afora.

“Natural da pequena cidade de Natércia (MG), de 4,8 mil habitantes, Giovani trabalhava como lavrador em uma plantação de café.

Descoberto pelo técnico Henrique Viana em uma corrida organizada pela Corpore, entidade paulista sem fins lucrativos, ele superou problemas com alcoolismo e tornou-se uma das principais referências da modalidade no país. Trabalhava na roça desde os 12 anos de idade e não havia incentivo para praticar esporte.

“Comecei a correr aos 27, me tornei profissional aos 29 e não parei mais. Hoje, meus maiores objetivos são vencer a São Silvestre e conquistar uma medalha olímpica. Quero representar o Brasil em 2016 – afirmou
o maratonista”.

A reportagem de Carol Fontes está aqui.

Atualização

Neste domingo, Giovani dos Santos sagrou-se bicampeão da tradicional “Volta da Pampulha”, em Belo Horizonte.