Blog do José Cruz

De Zico a Aldo Rebelo, 22 anos… Mas só o dinheiro do esporte aumentou

José Cruz

O agora sessentão Zico foi craque numa época em que o Flamengo era time respeitado mundo afora. Que time! Bons tempos!

Lembro Zico também fora dos gramados, como Secretário de Esportes do então presidente Fernando Collor de Mello. Zico marcou sua passagem por Brasília com uma Lei Geral do Esporte, depois atualizada pelo também ex-secretário de Esporte Pelé, recentemente reformulada.

Memória

Em fevereiro de 1991, cobri um encontro da então ginasta Soraya Carvalho com o secretário de Esporte Zico.

Ainda juvenil, mas já com nove medalhas internacionais, Soraya pediu isenção de impostos para a importação de equipamentos, pois treinava em aparelhos fabricados por seu pai. Soraya nunca obteve resposta.

Naquela época, secretários de Collor não tinha força para decisões desse tipo. Zico foi parar na Esplanada dos Ministérios pelo valor de seu caráter e prestígio internacional, calibres importantes para a projeção que o festeiro Collor buscava.

Mudou?

Hoje, Arthur Zanetti, ouro olímpico na ginástica, também treina em aparelhos fabricados por seu pai. Vinte e dois anos depois de Soraya…

Esta “memória” de duas décadas pode demonstrar  que o problema do esporte não é a falta de dinheiro, mas da ausência de uma política que defina prioridades e metas.

De Zico até  Aldo Rebelo, o saldo do dinheiro público no esporte cresceu de forma expressiva. Principalmente a partir de 2001, com a chegada da Lei Piva, contrastando com os anos FHC, por exemplo, em que o orçamento para o setor era pífio.

No último ciclo olímpico R$ 6 bilhões foram injetados no alto rendimento. Repetindo: R$ 6 bi !!!! E daí?

Comandos

Ex-atletas famosos e políticos se revezaram no comando da estrutura federal do Esporte, mas o principal sempre foi deixado de lado: a elaboração de uma política nacional de Estado e não de governo.

Uma política que não termine com o final de um mandato presidencial, mas que tenha continuidade, independentemente de quem vier para o Planalto.

As dúvidas continuam: quem comanda o nosso esporte? quem é o responsável pela base? quem fixa as prioridades de investimentos? Quem fiscaliza a volumosa grana que sai de órgãos públicos, patrocinadores estatais, principalmente? Que planejamento de longo prazo tivemos nos últimos 10 anos, em que o esporte ficou nas mãos de políticos e burocratas do PCdoB?

Essa indefinição parece proposital. Algo como, “quanto maior a desordem, melhor.” Os vários relatórios de auditorias do TCU demonstrando corrupção com verba pública testemunham essa tese.

E ninguém reage. Nem o ministro, que já foi fiscal rigoroso, na CPI da CBF Nike. Pela omissão – quem sabe devido sua rigorosa agenda para a Copa do Mundo –  Aldo Rebelo torna-se cúmplice da ilegalidade e do desperdício. Não é o que se esperava.