Blog do José Cruz

Confederação se fortalece, mas clubes ainda são ignorados pelo governo

José Cruz

A Confederação Brasileira de Clubes (CBC) empossa hoje sua nova diretoria. Sai Arialdo Boscolo, na presidência desde 2001, entra Francisco Antônio Fraga, ligado ao tadicional Clube Pinheiros, de São Paulo. Com estatuto atualizado, a entidade permite apenas uma reeleição de quatro ano anos.

Arialdo deixa o caixa da CBC com R$ 74 milhões, sede própria, em Campinas, e a Confederação incluída no Sistema Nacional do Desporto, segundo a nova Lei Pelé.

Do dinheiro em caixa, R$ 70 milhões têm destinação exclusiva: formação de novos atletas olímpicos e paraolímpicos. Espaço que frequentemente critica o mau gestor de verbas públicas, o Blog abre espaço para mostrar os que mostram resultados.

Uso da verba pública

Para que não seja mais uma instituição a aplicar verba pública no alto rendimento, Arialdo Boscolo defende que a CBC preocupe-se, prioritariamente, com a base.

“Muitos atletas que estão iniciando têm potencial, mas nem todos têm os recursos para financiar treinamentos e viagens. E o dinheiro das demais fontes (Lei Piva, Lei de Incentivo, patrocínios estatais etc) não está chegando nessas categorias”, defendeu Boscolo.

E explicou:

“No caso do Flamengo, que tem a ginástica olímpica com excelência, não devemos investir no Diego Hypolito, pois ele já tem patrocinadores de expressão. Precisamos nos voltar para a iniciação, para os que precisam crescer, para os que ainda não têm divulgação e, por isso, falta patrocínios.

Essa sugestão contribuirá, segundo o dirigente, para duplicar o número de clubes que investem no esporte, pois muitos voltaram-se para o atendimento social devido à falta de recursos para as atividades esportivas. Atualmente, o Minas Tênis, Esporte Clube Pinheiros, Sogipa e União de Porto Alegre são algumas das expressões de clubes sociais que também investem na formação e preparação de atletas olímpicos e paraolímpicos.

Critérios

Boscolo defende que a CBC discuta com os demais órgãos – Comitês Olímpico e Paraolímpico e Ministério do Esporte –  a forma de destinar os recursos, inclusive qual a prioridade das modalidades a serem contempladas.

“Como incentivar o ciclismo se essa modalidade não existe nos clubes? É preciso discutir sobre o uso dessa verba, adaptando os projetos da CBC aos demais e mais volumosos, como a Lei de Incentivo, a Bolsa Atleta etc.  Isso permitirá que se tenha, também, um projeto continuado, pois sabemos que o clube não será extinto de uma hora para outra”.

Potencial

O Brasil tem hoje um potencial de 13 mil clubes, aí incluídos os vinculados a  empresas. Desses, 186 ultrapassaram os 100 anos de fundação, o que demonstra solidez dessas instituições.

Mas tudo isso ainda é ignorado pelo governo federal que, a propósito, fala na construção de centros de treinamentos, ignorando o que dispõe e por falta de políticas para o setor.

É uma situação tão esdrúxula que o presidente da Confederação de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, declarou, há poucos dias, ''que não está nem aí para os clubes''. Disse isso para exaltar a entidade que dirige, a CBDDA, mas ignorando a importância dessas instituições. Até porque, para que o esporte de alto rendimento exista no Brasil precisa que o atleta tenha vínculo com um clube. Logo…

Para saber mais:

http://www.cbc-clubes.com.br/site/