Blog do José Cruz

Atletismo também fracassa, apesar do orçamento de R$ 26 milhões

José Cruz

Confederação Brasileira de Atletismo teve orçamento de R$ 26 milhões este ano, sendo R$ 24 milhões de dinheiro público

Só a Caixa, patrocinadora oficial, aplicou R$ 16 milhões

Nunca foi tão oportuno, tão necessário, tão indispensável criar a CPI do Esporte Olímpico

Que sábado!

Rosângela Santos não se classificou para a final dos 100m. Mauro Vinícius da Silva ficou em sétimo, no salto em distância.

Kissya da Costa, do remo, foi flagrada no doping.

Já a campeã mundial, Fabiana Murer, reclamou que o vento estava forte para o salto com vara. E falhou…

No dia anterior o barulho na piscina atrapalhou Cesar Cielo. Descansar no luxuoso Crystal Palace não foi bom …

Potencial

Grande resultado de Mauro, o Duda, que chegou à sua primeira final olímpica. Campeão mundial indoor ele tem potencial para 2016. Sujeito simples, fala sério, é realista, não diz bobagens quando analisa seu desempenho.

Mas é muito pouco para o tamanho do Brasil, apesar de ainda faltarem as provas de maratona e revezamento.

Principalmente porque, para preparar a equipe olímpica, a Confederação Brasileira de Atletismo teve orçamento de R$ 26 milhões este ano, sendo R$ 24 milhões de dinheiro público. Só a Caixa, patrocinadora oficial, aplicou R$ 16 milhões na CBAt.

Tamanho menor

Dia após dia nosso potencial vai definhando e o tamanho olímpico do Brasil se aproxima da meta do presidente do COB, Carlos Nuzman: 15 medalhas. E olhe lá!!!

Carlos Nuzman foi quem, em Sidney 2000, pediu dinheiro para transformar o nosso esporte… E o dinheiro veio, ao$ monte$. Bilhõe$…

O mesmo Nuzman projeta o Brasil no top 10 nos Jogos Rio 2016. Mas avisa: além das medalhas que tradicionalmente ganhamos (vôlei, judô, vela, hipismo…) precisamos de resultados em seis novas modalidades.

Diante dos resultados de Londres está difícil cumprir tal projeção. Só neste sábado, a Grã Bretanha ganhou três medalhas de ouro no atletismo. Estamos preparados para, em quatro anos, termos tal desempenho? A  Rússia, atual 10ª colocada, já tem 28 conquistas, três de ouro.

Veja bem o tamanho da encrenca que o Senhor se meteu, presidente Nuzman…

Novos rumos

O governo federal, maior financiador do esporte de rendimento, precisa agir. E o Congresso Nacional também. Nunca foi tão oportuna, tão necessária a criação de uma CPI do Esporte Olímpico.

Precisamos abrir a caixa do dinheiro público do esporte e tornar todas as despesas transparentes.

Precisamos saber a destinação dos recursos oficiais. Chega de argumentar que a prestação de contas está no TCU. Nós, contribuintes dessa conta bilionária temos o direito de saber onde foram parar mais de R$ 2 bilhões.

Foi numa CPI que presidiu que o agora ministro Aldo Rebelo conheceu as mazelas da CBF, desvios de dinheiro, enriquecimentos ilícitos, evasão de divisas, sonegações fiscais, enfim.

E agora, ministro, não há interesse em também investigar os bastidores da gestão do esporte, turbinado por dinheiro oficial?

Que não seja por curiosidade, mas por dever de ofício, por obrigação de zelar pelo bem público.

O Senhor tem duplo compromisso, com a nação, por ser próprio de seu cargo de ministro e íntimo de seu mandato parlamentar.