Blog do José Cruz

Começou a cobrança: ministro Aldo Rebelo discorda de Nuzman e quer mais medalhas

José Cruz

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não gostou da projeção de medalhas do Comitê Olímpico Brasileiro para os Jogos de Londres. Quer cinco a mais, no mínimo, num total de 20.

Não é propriamente uma cobrança, porque ela não deve ser só do governo, mas também da sociedade e da imprensa. Vimos no Brasil uma evolução importante dos recursos investidos desde 2003, e quanto maiores os recursos maiores as cobranças da sociedade'', disse Aldo, conforme o repórter Gustavo Franceschini, do UOL Esporte.

O dinheiro público disponível desde 2001 é repassado pelas loterias federais, Bolsa Atleta, Lei de Incentivo ao Esporte, oito estatais e do orçamento do próprio Ministério do Esporte.

Síntese

A equipe olímpica que está em Londres é a síntese do que temos de melhor nos últimos quatro anos, mas deveria ser o resultado de um projeto esportivo de longo prazo, a partir do momento em que o Estado decidiu investir no alto rendimento. Mais de R$ 2 milhões nos últimos quatro anos.

Descompasso

A discordância do ministro com o presidente do COB, Carlos Nuzman, em termos de medalha já demonstra o descompasso entre os órgãos máximos do esporte.

É preciso repetir exaustivamente: não temos uma política de esporte que comece na elementar educação física escolar, na identificação de talentos, na transição para as categorias maiores. É cada um por si buscando os recursos que estão aí: clubes, federações, confederações, COB, Ministério do Esporte.

A questão é:

O Ministério pode ser o órgão centralizador dessa política? Não! Deveria ser, mas não é. Tornou-se um repassador de recursos e, por isso, cobra, agora, desempenhos.

Algo como o pai que abre a carteira ao filho durante o ano todo para farras e festas e ao final exige aprovação na escola.

O Ministério do Esporte, de ontem e de hoje:

– Dá prioridade ao empreguismo político-partidário;

– Por bom tempo esteve envolvido com denúncias e realidades de corrupção;

– Abandonou os projetos sociais-esportivos;

– Não dialoga com ministérios afins, como os da Educação e Saúde, principalmente;

– É dependente de caríssimas “assessorias” e “consultorias” para saber onde está e o que deve fazer em termos planejamento e estratégias;

– Não tem uma comissão de atletas efetiva – e não chapa-branca – para repercutir a realidade das quadras, pistas, piscinas etc.

Com este perfil, agravado pela natural burocracia governamental, é difícil o Ministério se tornar um centro que pense e projete o nosso esporte como um todo. Apesar da fartura de dinheiro…

O resultado está aí: cobranças no pior momento

Nas próximas mensagens mais análises para fazer o contraponto do que a telinha vai nos mostrar. Inclusive com as projeções que faço para os brasileiros.

Bom Jogos!

Boa sorte, atletas!