Blog do José Cruz

Londres 2012: Governo reforça delegação com mais R$ 23 milhões

José Cruz

O articulista Edgar Alves comentana edição de Esporte da Folha de S.Paulo, hoje, sobre ''incentivo financeiro'' para atletas de nível olímpico.

''O judô acaba de anunciar prêmio de R$ 1 milhão a medalhistas e outro milhão a ser repartido pela equipe'', diz ele, referindo-se ao desempenho dos atletas nos Jogos de Londres.

Aproveito o comentário de Edgar, experiente jornalista em coberturas esportivas internacionais, para fortalecer este artigo em que abordo as liberações de verbas do Ministério do Esporte, neste início de temporada.

Mantendo a disposição de 2011, a pasta do ministro Aldo Rebelo turbinou os esportes olímpicos e paralímpicos com R$ 23,4 milhões, de janeiro até abril

O dinheiro, através de ''convênio'', é para a preparação de nossos atletas rumo aos Jogos de Londres, de 27 de julho a 12 de agosto.

ENTIDADE VALOR R$
Comitê Paralímpico Brasileiro12.057.092
Confederação de Taekwondo3.082.350
Confederação de Esgrima1.292.240
Confederação de Desportos Aquáticos1.196.000
Minas Tênis Clube1.107.218
Confederação de Pentatlo Moderno982.995
Confederação de Tiro com Arco950.907
Assoc. Brasileira Deficientes Mentais574.681
Federação Boxe do DF574.681
Confederação de Desportos na Neve556.336
Confederação de Desporto Escolar554.000
Liga Nacional de Basquete179.992
Liga Nacional de Basquete179.992
Tijuca Tênis Clube – Rj128.338
T O T A L  23.416.822

Fontes

Volto a lembrar que esse não é um repasse exclusivo. Há outras fontes de governo, como a Lei de Incentivo ao Esporte (R$ 400 milhões disponíveis anualmente), Bolsa Atleta (R$ 40 milhões/ano) sete estatais (Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Correios, Eletrobras e Casa da Moeda), com mais de R$ 100 milhões/ano, loterias federais (cerca de R$200 milhões, em 2011).

Gestão

Está claro, desde 2003, quando Lula chegou ao poder, a importância do esporte de rendimento no contexto do Estado, ao contrário de governos anteriores.

Mas não se vê, na mesma proporção da fartura dos recursos, a participação do próprio Ministério na administração ou gestão desses recursos.

Se por um lado isso é bom, pois elimina a demorada burocracia do Estado no uso da verba pública, sugere, de outra parte, ''omissão'' do principal órgão de governom no caso o Ministério do Esporte, na fixação de metas e prioridades para os setor.

Porque, de fato, é isso que temos hoje, um ministério altamente politizado, ainda reduto de inexperientes apadrinhados que não foram capazes de elaborar, em nove anos de comando, um plano nacional de esporte, no mínimo. Como, de resto, não segue as principais orientações da Conferência Nacional de Esporte.

Em resumo:

A verba do esporte é pública mas a sua gestão é privada. Isso é um risco. De tal forma que vamos para os Jogos de Londres sem perspectivas de melhoras no rendimento, comparativamente à Olimpíada de Pequim-2008. Palavra do Comitê Olímpico. E qual a reação do Ministério do Esporte, o órgão financiador, sobre isso? Nenhuma.

Por extensão, o Estado está financiando o atleta premiado, o que deveria ser um compromisso de patrocinadores privados, pois para a verba pública temos prioridades outras – como o desporto escolar -, que aida está muito longe das generosas benesses oficiais ofertadas aos olímpicos.