Blog do José Cruz

A Copa dos enredados

José Cruz

Historicamente obediente aos interesses do futebol profissional,  o Congresso Nacional rebela-se, no bom sentido, no momento de apreciar a Lei Geral da Copa 2014. E agrava o impasse institucional entre o governo brasileiro e a Fifa, apesar da aparente tranqüilidade demonstradas na semana passada, no encontro da presidenta Dilma Rousseff com o líder da Fifa, Joseph Blatter.

Confronto

O confronto é evidente. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deixou claro que não quer mesmo se encontrar com o desafeto da Fifa que, há  um mês, sugeriu um “chute no traseiro dos brasileiros,” para agilizar as obras da Copa.

Agiu rápido Aldo Rebelo, quando soube, ontem, que Blatter havia indicado Volke para representá-lo na audiência pública da próxima semana, na Comissão de Educação, Cultura e Desporto, do Senado Federal.

Através dos líderes da base do governo desarticulou a audiência que, agora, será realizada em conjunto com as comissões de Constituição e Justiça e a de Assuntos Econômicos. Mesmo assim, mais atrasos.

Problema

O problema é mais grave, pois o governo não pediu análise simultânea de comissões nem urgência na votação do projeto de lei geral da Copa.

Ou seja, o documento será apreciado separadamente em três comissões: Educação, Cultura e Desporto, Assuntos Econômicos e Constituição e Justiça, naquela tramitação vagarosa, característica do Parlamento brasileiro. Só então, o projeto irá à sanção presidencial. Isso se não sofrer mudanças no Senado, pois se tal ocorrer o documento voltará à apreciação da Câmara.

Resta saber até quando a Fifa suportará a burocrática tramitação do projeto, decisivo para assinar contratos com as  empresas que atuarão no Brasil.

Contraste

Não bastassem os atrasos nas obras e a falta de planejamento para o segundo e terceiro ciclos da Copa apresenta-se agora um agravamento institucional, evoluindo do Executivo para o Legislativo e já com forte apoio popular.

O abacaxi está sobre a mesa, deixado pelo ex-presidente Lula à sucessora, Dilma Rousseff. Independentemente dos acertos nas medidas tomadas pelo governo, vivemos uma situação perigosa, pois a Fifa poderá desencadear seu plano B, tirar a Copa do Brasil e colocar o país na vitrine do vexame internacional. Quem duvida?